Entrevista: Adelaide Baptista, autora do livro “Apenas Sentir”?


Adelaide Baptista, autora do livro “Apenas Sentir”, é natural de Leomil, Almeida. Fez o Ensino Primário e 2º Ciclo, em Leomil, o 3º Ciclo e Ensino Secundário, no Externato Liceal Frei Bernardo de Brito, em Almeida e o Ensino Superior, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda.
Nos tempos livres gosta de ouvir música e de cantar. Faz parte do Grupo Coral “Pedras Vivas” da Guarda, há 22 anos. Também gosta de teatro mas do que mais gosta é de conviver com os amigos, pois são eles que a inspiram.
A Guarda: Quem é Adelaide Baptista e como a apareceu o seu gosto pela escrita?

Adelaide Baptista: Eu sou apenas a Adelaide, filha única de uma família do campo, gente simples e autêntica.
Nasci em 1967 e tive uma infância, adolescência e juventude muito felizes, sempre rodeada de bons amigos.
Neste momento trabalho como Assistente Técnica na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, sede do Agrupamento de Escolas com o mesmo nome.
O gosto pela escrita, inicialmente, não foi propriamente um gosto, foi mais um meio para satisfazer a necessidade de libertar os sentimentos, o que me ia na alma, o gosto foi crescendo gradualmente.

A Guarda: Como foi o percurso académico?

Adelaide Baptista: Concluí o ensino primário e o segundo ciclo, através da Telescola, na minha aldeia – Leomil. Frequentei depois, até completar o ensino secundário, o Externato Liceal Frei Bernardo de Brito em Almeida. Aos vinte anos comecei a trabalhar mas voltei, posteriormente, a estudar e concluí com o grau de Bacharel o curso superior de Secretariado de Administração, no Instituto Politécnico da Guarda.

A Guarda: O que a motivou a escrever e a publicar o livro “Apenas Sentir”?

Adelaide Baptista: Como disse anteriormente, a escrita surgiu mais como uma necessidade, um meio para libertar as emoções. Escrevia e punha de lado, até que comecei a divulgar o que escrevia, primeiro às pessoas mais próximas, aos meus amigos depois a colegas de trabalho e outras pessoas.
Foi numa conversa entre amigos que um deles me sugeriu para fazer uma compilação do que tinha escrito e editar um livro. Confesso que, na altura, não dei muita importância porque não tinha a noção da qualidade do que escrevia e porque não sabia, de todo, como se editava um livro. No entanto, penso que a ideia ficou no meu subconsciente porque comecei a escrever mais assiduamente. Uma palavra, um objecto, um acontecimento, uma sugestão de alguém, tornaram-se fonte da minha inspiração. À medida que ia divulgando os meus poemas, cada vez mais pessoas me diziam que tinha que pensar seriamente na publicação dos mesmos, que não podiam ficar na gaveta.
Um dia, uma colega de trabalho incentivou-me a participar num campeonato nacional de poesia (on-line), promovido pelo escritor Pedro Chagas Freitas e enviou-me o link para me inscrever. Hesitei um pouco mas resolvi arriscar. Esta participação deu-me ainda mais motivação para escrever e foi a partir daí que a minha cumplicidade com a escrita se tornou uma realidade.
Posso afirmar que fui empurrada para esta aventura, que este livro também se deve a todos os que me apoiaram e incentivaram a realizar este projecto.
A Guarda: Em traços gerais quais os assuntos que aborda no seu livro?
Adelaide Baptista: O livro aborda, essencialmente, um assunto: as emoções. Em sequência, aborda todos os outros assuntos relacionados com as mesmas. A primeira parte, numa visão introspectiva, revela as angústias, as alegrias, as incertezas, as esperanças de forma pura e genuína.
A segunda parte aborda o olhar crítico que exterioriza as acções/reacções perante o meio envolvente. Termina com algumas reflexões que, num misto de dúvida e indignação, se transformam em simples desabafos. Em resumo, “Apenas Sentir” é uma viagem de emoções pelos caminhos e encruzilhadas da vida onde fluem, livremente, os impulsos do sentir. Aborda um assunto e todos os assuntos ao mesmo tempo.

A Guarda: O que a levou a escolher a poesia como forma de transmitir os seus sentimentos?

Adelaide Baptista: Penso que foi a poesia que me escolheu. Sempre gostei de brincar com as palavras e fazer rimas era um agradável desafio, ainda é. Deus deu-me este dom de cantar as palavras, talvez fruto da minha paixão pela música, não sei. Os versos saem de forma fácil e espontânea, o único esforço é ter o cuidado de seguir a métrica conforme as escolhas: as redondilhas, os sonetos ou os alexandrinos.

A Guarda: Está a preparar mais alguma publicação?

Adelaide Baptista: Ainda estou a digerir a publicação deste livro mas penso continuar a escrever e a publicar, se assim for possível. Com calma, passo a passo. A maratona faz-se devagar para chegar mais longe.

A Guarda: É importante motivar os mais novos para a escrita e a leitura?

Adelaide Baptista: Na minha modesta opinião é importantíssimo motivar os mais novos, essencialmente para a leitura. Criar o hábito de ler é o primeiro passo para bem escrever e até falar.
O que define a nossa identidade como povo é a nossa língua, por isso deve ser bem tratada. Confesso que sou um pouco picuinhas nesta matéria, estou sempre a corrigir os meus amigos quando dizem mal uma palavra ou uma frase, mas também gosto que me corrijam quando erro.
A Guarda: O que é para si a Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço?

Adelaide Baptista: A biblioteca é o lugar onde criamos laços com os livros, viajamos, aprendemos, rimos e choramos com eles. Mas acima de tudo, enriquecemos como pessoas porque, para além do conhecimento, adquirimos sabedoria.
Relativamente à Biblioteca Eduardo Lourenço, não sei se a pergunta se deve ao facto de a ter escolhido para a apresentação do livro, é para mim uma justa homenagem a um digníssimo representante da nossa região, mais propriamente do meu concelho – Almeida, na cultura nacional e além-fronteiras e que, para além de um grande filósofo, foi também um crítico e ensaísta literário, virado predominantemente para a poesia.