Entrevista: Manuel Igreja Dinis, autor do livro de poesia “Viver e Reviver a Vida”
O padre Manuel Igreja Dinis acaba de publicar o segundo livro de poesias. O livro tem como título “Viver e Reviver a Vida” e é um acompanhar da existência que se vai deslizando, numa concretização de sonhos e de memórias ou na falta delas, ao longo do dia-a-dia. O autor, natural de Rochoso, concelho da Guarda, pretende salientar o valor das pequenas coisas de que é feita a nossa existência e enquadrá-las no nosso viver.
A GUARDA: Quem é Manuel Igreja Dinis, como cidadão?
Manuel Igreja Dinis: Sou um sacerdote católico da Diocese da Guarda, nascido em 25 de Setembro de 1941, na freguesia de Rochoso, concelho da Guarda. Meus pais, modestos agricultores, foram Américo Dinis e Prazeres Catarina Igreja. Fui o primeiro dos quatro filhos do casal: Um rapaz e três raparigas. Fiz a quarta classe na minha Terra-Natal e frequentei os seminários do Fundão e da Guarda, tendo sido ordenado sacerdote em 1 de agosto de 1965, na então vila de Gouveia, hoje, cidade de Gouveia, pelo Sr. D. Policarpo, então Bispo da Diocese da Guarda.
A GUARDA: Como tem sido a sua vida sacerdotal, ao longo de quase 57 anos?
Manuel Igreja Dinis: Logo no ano da ordenação sacerdotal, em Outubro de 1965, fui nomeado pároco de Azinhal, Valverde e Peva, paróquias do concelho de Almeida., onde estive quatro anos e meio. Eram tempos de pobreza material, mas ricos numa aprendizagem de diálogo e de amor aos irmãos. Não havia estrada, nem luz eléctrica, nem água canalizada, nem casa de banho, mas havia muita amizade e interajuda.
Quero recordar, com muita saudade e amor, o Padre João Gomes Laginhas, pároco de Leomil, que foi, verdadeiramente, meu pai espiritual. Deus o tenha no seu Reino!
A GUARDA: O que se seguiu, na sua vida?
Manuel Igreja Dinis: Em Abril de 1969, fui nomeado pároco de Vila Fernando e um pouco mais tarde, de Adão e Vila Garcia. Aqui estive vinte anos, que guardo com muito carinho na arca das boas memórias do meu coração. O senhor D. António dos Santos, Bispo da Guarda, insistiu comigo para ser prefeito e professor no Seminário do Fundão. Acabei por aceitar prejudicando a minha família, sobretudo o meu pai.
Fui Director Espiritual dos alunos do Seminário Menor do Fundão, durante cinco anos e procurei dialogar com eles convidando-os a crescer física e espiritualmente, animando-os a trabalharem e rezarem, na busca de uma vocação real que os pudesse realizar na vida.
Foram cinco anos difíceis, mas ao mesmo tempo realizadores de ideais de amor segundo a Boa Nova do Evangelho de Jesus Cristo.
Fui Pároco da encantadora Vila de Alpedrinha durante 13 anos e aí se concretizaram muitas realizações quer de ordem religiosa quer de ordem cultural. Além do mais, em vários anos, realizámos, ao vivo, a Paixão e morte do Senhor Jesus, com grande sucesso e participação generosa, de muitas pessoas, quer como atores, quer como espectadores.
Em 2007, fui nomeado pároco de Sabugal e de outras paróquias que deixei em 12 de Fevereiro passado, a pedido do senhor Bispo. Foi com muita mágoa que deixei paroquianos e amigos para assumir a Direcção Espiritual das Comunidades dos Servos de Jesus, cujo fundador foi o senhor Bispo D. João de Oliveira Matos. Vivo, presentemente, no Outeiro de S. Miguel, onde nada me falta e onde procuro, com a ajuda das irmãs, crescer no amor de Deus para o poder repartir com todos os irmãos.
A GUARDA: Por que razão escreve em verso os seus livros?
Manuel Igreja Dinis: Sempre gostei de ler livros de poesia e a poesia serve, perfeitamente, para ajudar na Liturgia Eucarística e no teatro (festas de catequese, teatros, aniversários) e noutras diversas celebrações.
Pela poesia, consegue dizer-se, com mais ritmo e musicalidade, o que se pretende comunicar aos ouvintes e aos leitores.
Além disso, a poesia clássica obriga a um jogo de palavras, exigindo métrica, rimas e um conjunto de regras que enriquecem o espírito.
A GUARDA: A publicação de livros de poesia é para ganhar dinheiro ou fama ou vaidade?
Manuel Igreja Dinis: Ganhar dinheiro? Nem pensar nisso! Os 500 exemplares do meu primeiro livro, “Caminhando Se Faz Caminho” dei-os, quase todos, â família, aos amigos e aos que mais de perto me ajudaram nas mais diversas paróquias, onde exerci o meu sacerdócio.
Com este segundo livro, certamente, vai acontecer o mesmo.
Por vaidade ou fama não estaria a gastar tempo e dinheiro, até porque as publicações ficam muito dispendiosas.
Penso que os leitores de poesia não são muitos e os de poesia de cariz cristão, ainda serão menos. É esse cariz cristão, tantas vezes abafado pelo barulho e pelo ruído dos acontecimentos, que eu gostaria de implantar no coração dos leitores.
A GUARDA: Que mensagem pretende levar ao coração dos leitores?
Manuel Igreja Dinis: Gostaria de levar às pessoas uma mensagem de amor, serviço de doação e de esperança, no futuro que só a Deus pertence.
Seguindo a lógica do tempo, convidando a viver as realidades que perduram na memória dos povos, o meu livro “Viver e Reviver a Vida” é um ressuscitar de sonhos e de memórias que nos levam a crer que fazemos parte da engrenagem da História dos Povos e da história vivida por cada uma das nossas famílias.
Já agora, o livro “Viver e Reviver a Vida” encontra-se à venda na Casa Veritas – Livraria e papelaria – na cidade da Guarda.