Entrevista: Irene dos Santos Fonseca – Coordenadora Geral da Liga dos Servos de Jesus
Irene dos Santos Fonseca, Coordenadora Geral da Liga dos Servos de Jesus, é natural de Cabreira do Côa, concelho de Almeida. Estudou na Cerdeira, em Lamego e Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra.
Tem pouco tempo livre, mas sempre que pode procura ir ao encontro de quem mais precisa (nomeadamente visito a família).
A GUARDA: A Liga dos Servos de Jesus celebrou a Festa Anual no último fim-de-semana, no Outeiro de São Miguel. Quais os objectivos desta iniciativa?
Irene Fonseca: Com esta festa dá-se cumprimento ao desejo do nosso Fundador, D. João de Oliveira Matos, que, ao fundar a Obra, determinou nos seus estatutos que, anualmente, se realizasse este evento para com ele se reavivarem os fins específicos da Liga: louvar a Deus, amar e bendizer a Jesus Cristo Seu Filho, dar graças pelos dons recebidos, suplicar pelas intenções da Igreja, manifestar com gestos significativos o aperfeiçoamento pessoal, se rezasse pela conversão dos pecadores e se reparasse Deus de todas as ofensas cometidas.
Pretende-se ainda conhecer o estado real das diferentes comunidades, os seus êxitos e as suas dificuldades. Deste modo se anima e revitaliza a nossa espiritualidade baptismal e laical.
Além disso com a mesma festa pretende-se evangelizar e dar a conhecer o carisma da Liga e do nosso Fundador.
A GUARDA: A Festa Anual é sempre um momento importante na vida da Liga dos Servos de Jesus?
Irene Fonseca: Sim. Pelos motivos atrás enumerados vê-se bem a importância da preparação, vivência e celebração da mesma Festa. Para esta festa são convidadas muitas pessoas e movimentos.
Pede-se e conta-se com a participação da comunidade paroquial onde a mesma festa se realiza. A paróquia e o seu pároco são os primeiros a serem convidados para a participação na mesma. Atuamos sempre em comunhão com os párocos.
Significativa deve ser a procissão em honra de Jesus Eucaristia e a adoração que se segue à eucaristia vespertina. O pároco tem sempre uma palavra a dizer. Com o nosso Assistente deve programar as diversas celebrações.
A GUARDA: Quais os lugares onde se encontra, actualmente, a Liga dos Servos de Jesus e as valências que desenvolve?
Irene Fonseca: Apesar de se terem encerrado algumas comunidades encontram-se a funcionar as seguintes: Santa Luzia, Cerdeira do Côa, Rochoso, Outeiro de São Miguel, Ruvina, Manteigas, Fundão, Abrigo da Sagrada Família – Guarda e Covilhã, Centro Cultural da Covilhã, São João de Deus, Guarda, Seminário da Guarda, Celorico da Beira, Paço episcopal, Casa de Fátima, São Pedro em Buarcos - Figueira da Foz, Orca e uma presença em Angola.
As diferentes valências são sempre ao serviço de todos de modo particular as crianças (Creche e pré-escolar), Lares de crianças e jovens em risco, escolas, lares de terceira idade, centros de dia apoio domiciliário e apoio a serviços da diocese e outros.
A GUARDA: A terra natal de D. João de Oliveira Matos, Valverde, concelho do Fundão, tem um Museu dedicado ao fundador da Liga. O que se pode ver nesse local e como pode ser visitado?
Irene Fonseca: O museu a que se refere é a própria casa onde nasceu o nosso Fundador. Anos atrás foi recuperada e foi-lhe dada essa finalidade. Consta de um piso térreo adaptado a auditório com possibilidade de uso de meios tecnológicos.
O primeiro andar é uma réplica das diferentes fases da vida do Senhor D. João. Nele encontramos alfaias litúrgicas, vasos de altar, um lugar simbólico da sua primeira missa na então vila do Fundão, - altar de nossa Senhora das Dores – a réplica do seu quarto de dormir e diferentes apetrechos da época. Há depois um pequeno sótão polivalente.
Sempre que alguém pretenda visitar essa casa museu deve solicitar a sua entrada contactando o responsável pelo mesmo em Valverde, ou então contactando o lar D. Isabel Trigueiros, no Fundão.
Valorizar, perseverar e visitar os museus, por mais simples que sejam, é uma forma de se recuar na História, nos costumes e na vivência da Fé desse tempo. Os museus transportam-nos sempre ao contexto histórico da fé e dos valores dos nossos antepassados.
A GUARDA: Os últimos meses têm sido marcados pela morte de algumas irmãs da Liga. Tem havido novas vocações para suprir estas perdas?
Irene Fonseca: Têm sido muitas as irmãs que têm morrido. A idade e as diferentes doenças assim o permitem. Infelizmente não temos tido vocações. É uma crise que a todos nos atinge. Entretanto procuramos ser fiéis ao que nos une, rezamos pelas irmãs e servos externos que se antecipam a nós e pedimos graças às que já se encontram na glória do Reino.
A GUARDA: Podemos dizer que a captação de novos membros é uma das principais dificuldades com que se debate a Liga dos Servos de Jesus?
Irene Fonseca: Sim! É verdade. Muito temos de pedir ao dono da Seara que mande mais vocações para a Sua seara. “Se assim for da Sua vontade” ensinou-nos o nosso Fundador. Os motivos que levaram à fundação da Liga subsistem ainda.
A GUARDA: Que passos têm sido dados no processo de beatificação do Servo de Deus D. João de Oliveira Matos?
Irene Fonseca: Todos os que nos têm sido pedidos.
Infelizmente o milagre que foi apresentado em favor da beatificação foi rejeitado em Roma, pela Comissão responsável. Continuamos a solicitar novas graças através do Senhor D. João de Oliveira Matos e a pedir a Deus que nos conceda a graça da beatificação do Senhor. D. João.
A GUARDA: A Liga vai assinalar o centenário da sua criação. Como é que está a ser preparado esse momento?
Irene Fonseca: É um assunto sobre o qual nos vamos debruçar muito em breve. Estaremos atentos ao que nos pedirá o nosso Superior o Senhor D. Manuel Felício. Depois empenhar-nos-emos para, com dignidade, brio e humildade envolvermos a Liga, os amigos da mesma e a nossa diocese da Guarda. A Igreja.
Queremos que tudo seja para o Reino de Deus.
Não podemos esquecer o nosso lema: “É preciso que Ele reine”.
A celebração do Centenário só terá verdadeiro sentido se for fiel a este lema.