Entrevista: Ângelo Miguel Nabais Martins – Director do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Conceição, na Castanheira (Guarda).
A GUARDA: Quais os objectivos com que foi criado o Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Conceição, na Castanheira (Guarda)?
Ângelo Martins: A vontade da população da Castanheira, juntamente com o interesse manifesto de apoio a população mais envelhecida do pároco de então, Pe Messias Dias Coelho, fez com que esta vontade dos castanheirenses fosse concretizada. Tudo começou pelo ano de 1999, sendo aberta a actividade do Centro a 1 de Outubro de 2001 com as valências de Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário. As gentes da Castanheira são um povo muito interessado e empenhado em fazer pelo bem da sua população e de todos os que travam amizade e conhecimento com eles.
A GUARDA: Podemos dizer que se trata de uma instituição que está bem integrada na comunidade da Castanheira?
Ângelo Martins: Posso afirmar com clareza e sobriedade que sim. Nunca pretendeu o Centro ser uma instituição voltada para si mesma, mas sim para o bem da população da terra e não só. Evidência da boa integração são as parcerias que sempre existiram com as variadas instituições civis da terra, bem como a generosidade da população que em 2010 doou perto de duzentos mil euros para a construção da valência de ERPI. Em 2016, como agradecimento da instituição a todos os benfeitores, amigos e população em geral, promoveu a Festa e Feira da Solidariedade, de modo a promover um convívio sadio e harmonioso entre todos.
A GUARDA: Quantas pessoas integram a equipa de colaboradores?
Ângelo Martins: Nas três valências atuais do Centro a equipa é composta por vinte e um colaboradores, a saber: directora técnica, enfermeira, fisioterapeuta, animadora sócio-cultural, médica, auxiliares e trabalhadores auxiliares.
A GUARDA: Apesar de ter respostas para os mais idosos, a instituição tem ajudado a fixar pessoas mais novas na aldeia?
Ângelo Martins: A equipa de colaboradores é composta por pessoas da terra e das terras vizinhas. Com a desertificação actual das nossas aldeias, não se pode afirmar peremptoriamente que o Centro tem levado à fixação de pessoas mais jovens, mas que pelo menos aqueles que pensariam sair da zona, não saem porque têm um trabalho perto de si.
A GUARDA: Quais as respostas sociais que a instituição oferece à comunidade?
Ângelo Martins: Actualmente o Centro possui as valências de ERPI, Centro de Dia e SAD. Ao longo destes anos também prestou serviço à comunidade com formações certificadas para a população no âmbito da sua qualificação e integração no mundo laboral.
A GUARDA: Como nasceu a ideia de criar a Estrutura Residencial para Idosos?
Ângelo Martins: Em 2006, quando o Sr. Bispo me pediu para ser pároco da Castanheira e presidente da direcção do Centro, logo na primeira reunião se falou da vontade da construção de um lar de idosos. Confesso que durante algum tempo houve uma certa relutância, mas Deus lá nos foi sempre mostrando o caminho a seguir. Em 2010 deram-se os passos necessários para a possibilidade da sua construção, como resposta a uma necessidade local: os mais velhos não queriam perder as raízes da sua terra indo para outras instituições vizinhas ou mais distantes, queriam ficar na Castanheira, porque sempre estariam mais perto das suas casas, família e amigos conhecidos. Foi assim, que surgiu a ideia e em 2012 se fez a bênção e inauguração da ERPI e iniciou o seu funcionamento em Setembro do mesmo ano.
A GUARDA: A instituição apresentou recentemente uma candidatura tendo em vista o apoio a pessoas com deficiência. Como está esse processo?
Ângelo Martins: Este processo está consistente, uma vez que foi algo que foi reflectido e pensado nos últimos quatro anos, através da identificação clara de uma situação: a valência de ERPI está a dar resposta a pessoas que terão melhor qualidade de vida e bem-estar social em valências na área da deficiência. Assim, após a candidatura do PRR, foi agora aprovada a valência de CACI (Centro de Actividade e Capacitação para a Inclusão). Claro que a par desta edificação estará também a valência de Lar Residencial (na mesma área). Neste momento estamos a olvidar todos os esforços para iniciar a sua construção brevemente, pois será uma mais-valia para a terra, região e país na área da deficiência (que tem muitas carências a nível de equipamentos e estruturas), bem como a possibilidade da criação de mais 30 postos de trabalho que podem levar à permanência de famílias nos seus ambientes de origem.
A GUARDA: Há mais algum projecto que a instituição pretende dinamizar?
Ângelo Martins: Para já, vamos empenhar- nos nestes projectos na área da deficiência, mas paralelamente estamos sempre à procura de formas de inovar no que se faz. Uma inovação que traga sempre qualidade de vida e bem-estar aos utentes e colaboradores da instituição, bem como a possibilidade de integrar a população nas actividades como acontecia antes da pandemia.