Feira do Queijo Serra da Estrela de Seia
O Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar, Nuno Viera de Brito, esteve, no sábado, dia 14 de Fevereiro, na Feira do Queijo Serra da Estrela de Seia, onde tranquilizou os produtores sobre a utilização do cardo na produção daquele produto tradicional.
Durante a visita ao certame, o governante foi questionado pelos produtores e pelo presidente da autarquia sobre a directiva europeia que determina que seja apresentado um pedido de autorização para o uso de qualquer enzima em produtos alimentares, como é o caso do cardo, utilizado na confecção do queijo tradicional da Serra da Estrela. O presidente da Câmara Municipal de Seia, Carlos Filipe Camelo, disse no discurso de abertura do certame anual, que a possibilidade de o cardo deixar de ser utilizado no fabrico do queijo da Serra da Estrela era um cenário “ridículo”, porque colocava em causa a sua produção pelos métodos ancestrais.
“Entregamos no dia 24 de Fevereiro próximo, o dossier na Comissão Europeia no sentido de que toda a parte analítica do cardo, que é importante não só para o queijo Serra da Estrela mas também para todos os outros queijos tradicionais, possa continuar a ser utilizado”, garantiu o governante, após ter tido conhecimento da preocupação relativamente ao assunto. Segundo Nuno Viera de Brito, a directiva comunitária obrigava a uma caracterização das enzimas, até 11 de Março, assegurando que Portugal irá entregar o dossier “antes do prazo”. “Vamos entregar no dia 24, vai ser analisado, mas obviamente que temos estado a fazer [o processo] em companhia com a Comissão Europeia e, portanto, sim, [os produtores] podem estar tranquilizados e continuar a produzir bem o nosso queijo da Serra”, afirmou o Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar.
A garantia deixada pelo governante tranquilizou os produtores de queijo da região e também a Associação de Artesãos da Serra da Estrela (AASE) que tem cerca de 700 associados nos vários sectores, sendo cerca de 70 produtores de queijo. “Estamos muito mais descansados”, disse João Amaral, presidente da AASE, acrescentando que a indicação da entrega do dossier em Bruxelas, “garante que a questão não cai em saco roto” e merece a atenção do Governo. “A acontecer prescindirmos do cardo para produzir o queijo da Serra da Estrela era estarmos a viciar o jogo, era estarmos a viciar o produto e era estarmos a dar indicação àquelas pessoas que mantêm os saberes sobre esta matéria, que não vale a pena preservar tradições porque a inovação ultrapassa de forma errada aquilo que é a tradição”, referiu João Amaral.
“Não deixaremos nunca de produzir queijo Serra da Estrela sem o cardo, que é o terceiro ingrediente fundamental, para além do leite e do sal, e, estou certo que o assunto será ultrapassado sem qualquer problema”, disse o produtor de queijo Pedro Gomes. Outro produtor, Élio Silva, referiu que o cardo é “essencial” para a produção do queijo típico da Serra da Estrela, por isso ficou “mais descansado” após ouvir as declarações do Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar. Durante a Feira do Queijo de Seia foram também promovidos outros produtos regionais como o pão, o vinho do Dão, os enchidos e o mel. A par do mercado do queijo e dos produtos endógenos a feira integrou outras áreas expositivas com artesanato, produtos da terra e tasquinhas.