Melo


Os habitantes da aldeia de Melo, no concelho de Gouveia têm orgulho no escritor Vergílio Ferreira, mas gostavam que a terra tivesse mais movimento em redor da vida e da obra daquele vulto da Literatura nacional e internacional. “Depois de terem feito o Largo do Chão do Paço, na Avenida Vergílio Ferreira, a terra passou a ter um bocadinho mais de movimento. Ainda não é aquilo que a gente quer, mas é um bocadinho mais, sempre vem mais gente à nossa terra”, disse ao Jornal A GUARDA Albertino Pinto, proprietário de um café localizado junto do Largo do Chão do Paço.
O mesmo habitante referiu que o movimento é maior “nas férias do Verão”. “As pessoas fazem a visita a Melo e vão embora, porque não têm nada que as faça ficar mais algum tempo. A casa onde nasceu já foi remodelada, mas a casa ode viveu (a Vila Josephine) está fechada durante todo o ano. A casa era dos pais de Vergílio Ferreira, mas quem lá morava era um cunhado. Como o cunhado morreu, está fechada, pois se estivesse aberta, era mais um atractivo”, disse. Para manter os visitantes mais algum tempo em Melo, Albertino Pinto defende, tal como a Junta de Freguesia, que a antiga Casa da Câmara seja recuperada e transformada em “mini Biblioteca, onde pusessem meia dúzia de livros que não estivessem em Gouveia (na Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira) que era para obrigarem as pessoas a virem aqui a Melo, porque foi tudo para Gouveia e aqui não ficou nada”.
Os habitantes Luís Sequeira Pereira, de 86 anos, e José Pereira, de 61 anos, disseram ao Jornal A GUARDA que conheceram “bem” o escritor e que “é um orgulho para a terra ter uma figura destas”. “Foi ele que baptizou a minha mulher, foi o padrinho do baptismo. Conheci-o bem”, disse Luís Sequeira Pereira. No entanto, o filho, José Pereira acrescenta que a partir do momento em que o escritor “passou a ter uma certa posição social, já não lidava tanto com as pessoas”.
“É um homem importante. Vem aqui muita gente, quase todos os dias. Vêm autocarros de propósito com pessoas para visitarem Melo, vêem a casa onde ele viveu, tiram fotografias da fachada, porque está fechada, tiram fotografias aqui no largo, vão ao cemitério e depois vão-se embora”, contou Luís Sequeira Pereira.
Na opinião de José Pereira, a Câmara devia “recuperar o antigo Paço de Melo e pôr lá uma Biblioteca ou um serviço para receber as pessoas” que visitam a localidade. “As pessoas gostam de ver a casa onde ele viveu e isto aqui no largo, mas depois não têm mais nada e vão embora”, rematou.