Almeida


A aldeia de Castelo Bom, que dista cerca de 14 quilómetros da vila de Almeida e cerca de 5 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso, é diariamente visitada por muitos turistas nacionais e estrangeiros. “Vêm mais no Verão, mas no Inverno também há sempre gente por aqui. No Inverno são mais os portugueses, mas também há quase sempre espanhóis. No Verão é que vem mais gente. Na outra semana, num dia, entre as 9.00 e as 11.00 horas, se estivesse a contar, o número já ia em mais de 300 pessoas”, disse ao Jornal A GUARDA Maria Teresa Rodrigues, de 68 anos, que reside em Vilar Formoso, mas tem casa em Castelo Bom e ali vai quase diariamente, por ter “um amor muito grande” pela terra onde nasceu. Sempre que pode, Maria Teresa Rodrigues acompanha os turistas pelas ruas da aldeia e pelos locais e monumentos históricos, dando autênticas aulas de História com a duração de mais de uma hora. O que sabe sobre o passado da terra aprendeu com a mãe, já falecida. No início da visita guiada fala da fundação de Castelo Bom, que deve o nome por ser “um local bom”, da construção do antigo castelo “de cinco quinas, como o do Sabugal” e alude a referências à ruína do castelo, no século XVIII, após “um vento ciclónico que derrubou parte dele e as pessoas começaram a retirar as pedras para construírem as casas”. “Oriento as pessoas e, às vezes, até vou mostrar os locais. Se é Francês falo bem, Espanhol também. Alemão e Inglês é que não falo”, disse, sempre com um sorriso nos lábios e boa disposição. O Poço dos Militares, de onde era retirada a água para os cavalos, e o Poço D’El Rei, “onde bebiam a rainha D. Isabel e o Rei D. Dinis”, são dois dos locais de visita obrigatória. “A Junta costuma esvaziar o Poço D’El Rei e quem quiser vai lá dentro ver. É tudo aos arcos e está lá uma parede que tem uma pintura em tons de vermelho, amarelo e verde carregado, que representa um cavalo, com pessoas e um homem que será o rei. Muita gente tem medo de entrar e não entra lá, mas eu já lá fui uma vez”, contou. Na aldeia de Castelo Bom é ainda possível visitar, entre outro, o seguinte património edificado: Porta da Vila, Cisterna, Panos de Muralha, Paiol ou Revelim, restos do Pelourinho, Casa do Fidalgo, Casa dos Antigos Paços do Concelho, Casa da Rua dos Quartéis, Igreja Matriz, Capela de S. Martinho e Calvário da Eira. A Freguesia de Castelo Bom, no concelho de Almeida, tem cerca de 300 habitantes e é formada pelas povoações de Castelo Bom e de Aldeia de São Sebastião. O número de habitantes aumenta consideravelmente no mês de Agosto, com a presença de muitos emigrantes. “A gente é tanta que, às vezes, nem sabemos onde deixar o carro”, disse Maria Teresa Rodrigues. A mulher lamenta que quando o Governo criou o Programa das Aldeias Históricas de Portugal, que no concelho de Almeida integrou a vila de Almeida e a aldeia de Castelo Mendo, não tenha também contemplado Castelo Bom. “Foi pena. E olhe que Castelo Mendo não tem mais que nós”. O morador Henrique Santos, de 72 anos, é da mesma opinião: “Podia ter sido Aldeia Histórica. Se o fosse, não teria saído daqui tanta gente e também teriam sido recuperadas casas para Turismo de Habitação”. O habitante confirma que a aldeia é visitada por “muita gente” ao longo do ano. “É raro o dia que não haja para cima de 20 a 30 pessoas. Mas isto é durante todo o ano”. Como a terra não tem casas de turismo para alojamento, Henrique Santos explica que “quem vem visita e segue”. O homem disse ainda que muitos naturais de Castelo Bom, que residem fora, têm recuperado casas para ali passarem as férias, como acontece com os emigrantes. “Só que muitas casas só estão abertas quinze dias ou um mês no ano, o que é pena”, disse.
Sobre Castelo Bom, no sítio da Internet da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), é referido: “Ocupado durante a proto-história, este ponto dominante sobre o Rio Côa fez parte do território disputado por Portugal e pelo reino de Leão durante os séculos XII e XIII. Neste período, Castelo Bom foi mesmo uma guarda avançada do lado leonês, contexto em que foi executada a sua primeira configuração enquanto castelo medieval. Em 1282, D. Dinis conquistou a povoação e, imediatamente, terá ordenado o reforço estrutural do seu sistema defensivo, para o que passou carta de foral. Antes do final do século, em 1297, Castelo Bom foi definitivamente incorporado no reino de Portugal e a sua importância estratégica, numa linha de fronteira ainda tensa, determinou que as obras continuassem”. Em 1834, o concelho de Castelo Bom foi extinto, “o que precipitou o desmantelamento da própria fortaleza, sendo a sua pedra reaproveitada para construções privadas”. “No século XX tiveram lugar algumas intervenções pontuais de restauro, mas só em 1999, por conjugação de esforços entre a Câmara Municipal de Almeida e os proprietários, se iniciou a valorização sistemática da aldeia histórica, principiando pela construção de um miradouro”, indica ainda a DGPC. O que resta do castelo está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 35 443, DG, I Série, n.º 1, de 2-01-1946.