Vale do Mondego
Agricultores afectados pelos incêndios florestais não vão ser apoiados

Os agricultores do Vale do Mondego, no concelho da Guarda, que em 2013 foram afectados pelos incêndios florestais não vão ter qualquer tipo de apoio financeiro por parte do Estado.
As Juntas de Freguesia de Aldeia Viçosa, Cavadoude, Faia, Mizarela, Porto da Carne, Sobral da Serra e Vila Cortês do Mondego efectuaram um levantamento dos prejuízos agrícolas e pediram apoio ao Ministério da Agricultura, mas o pedido foi rejeitado. Na resposta enviada este mês aos autarcas, a Delegação da Guarda da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, informa que “face à avaliação realizada” os serviços entendem “não estarem reunidas as condições de enquadramento para a abertura da medida 152 do PRODER - Restabelecimento do Potencial Produtivo”. “Esta medida de apoio só é susceptível de aplicação em situações de catástrofe ou calamidade identificadas e reconhecidas pelas autoridades nacionais, pelo carácter excepcional, impacto, localização e pela abrangência regional ou nacional, conforme disposto no Reg. (CE) n.º 1698/2005”, esclarece aquela entidade.
A resposta não agradou aos autarcas do Vale do Mondego nem aos agricultores que tiveram prejuízos com os fogos florestais do Verão passado, que lamentam a decisão. “Não esperávamos esta resposta. Esperávamos algo mais, dada a catástrofe que ocorreu no Vale do Mondego e os prejuízos causados aos pequenos agricultores”, disse ao Jornal A Guarda o presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, Luís Prata.
O autarca disse que o levantamento efectuado nas várias Freguesias atingidas pelas chamas indica que foram destruídas “quase 25 mil árvores de fruto (oliveiras e cerejeiras em maior número), mas também castanheiros, sobreiros e pinheiros”. “Só na área da Freguesia de Aldeia Viçosa foram destruídas mais de 10 mil árvores”, apontou. O fogo também queimou casas de arrumos, sistemas de rega, colmeias, fardos de palha, animais e equipamentos agrícolas. “A um pequeno e médio agricultor arderam-lhe todas as oliveiras e ele, desanimado, já abandonou o cultivo das terras”, disse o autarca, temendo que a mesma atitude possa ser tomada por outros agricultores do Vale do Mondego.
Luís Prata referiu ainda que a ausência de ajudas financeiras está a provocar “a revolta das Juntas e dos pequenos agricultores” daquela zona do concelho da Guarda. “Há uma derrocada de uma praia do Litoral e aparecem ajudas e nós aqui, face a esta calamidade, não temos ajudas nenhumas. A situação revolta-nos ainda mais quando fomos recebidos na Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro e nos disseram que devíamos ter ido ter com eles logo na altura e que errámos porque não o fizemos. Ora, nós não o fizemos porque ninguém nos informou disso”, denunciou.
Após os incêndios de 2013, as Juntas de Freguesia do Vale do Mondego e alguns particulares, criaram uma comissão para a prevenção de incêndios florestais, que está a trabalhar com a Câmara Municipal da Guarda no sentido de serem tomadas medidas no terreno.
Entretanto, a Junta de Aldeia Viçosa também teve conhecimento de candidaturas para limpeza de galerias ripícolas, redes primárias e secundárias, apoiadas a 100%, mas não pôde avançar com os projectos “porque o Parque Natural da Serra da Estrela barrou essa possibilidade”, segundo Luís Prata. “Estamos à espera que a equipa de sapadores de Fernão Joanes nos ajude nos projectos de salvaguarda de males futuros”, concluiu o autarca.