Ora cá estamos nós no mês em que muda a economia do país no aspecto agrícola.

As colheitas estão a tingir o seu ponto alto e agora só resta tratar de uns mimos que nos garantam uma boa passagem pela época menos produtiva que vamos enfrentar
De todas as colheitas a que mais nos alegra é o vinho novo, que pelo borbulhar o nosso povo a cantar o apelidou “esse champanhe do povo”, dado que em algumas regiões do país o vinho mal saia da uva é logo muito apreciado. Com franqueza vos digo eu não o bebo pelos desarranjos intestinais que me causa. No entanto aqui pelas nossas bandas esse líquido com o nome de mosto é muito aproveitado para na devida proporcionalidade com aguardente criar a famosa jeropiga, aquela bebida de que que todos gostam por ser adocicada e saborosa.
Muito embora lhe sejam conhecidas essas virtudes, não deixa de ser gulosa e traiçoeira. Gulosa que há sempre lugar para mais um pequeno cálice e traiçoeira por se tratar de uma bebida fortificada, de elevado teor alcoólico que leva a pessoas aos desmandos dentro da alegria que vai causando. Faz muito bom acompanhamento com as castanhas assadas pois sempre a ajuda a digerir que além de passar pelo calor ainda mantém certa textura.
Falando ainda do vinho novo e no meu entender prevejo que este ano seja um ano de boa qualidade mas de menor quantidade, o que para mim vejo como benéfico pois o preço sobe enquanto que a despesa com a colheita diminui. Mais vale menos e bom, do que muito e menos bom.
Quanto às águas novas elas estão a dar os primeiros sinais, se bem que muito escassos, para a seca severa que ainda atormenta os agricultores que vêem a suas colheitas a emagrecer. As águas caídas no mês de setembro são sempre uteis, pois refrescam a natureza e permitem a renovação de alguma flora desta época. Por outro lado ajuda a decomposição de pastos secos que ficam nas terras cruas e que depois da lavragem em muito ajuda a adubar as terras depois do pousio.
Também têm muita utilidade em renovar muitos espelhos de água destinados ao lazer, que com o excesso de uso criaram uma série de minúsculos seres vivos que se tornam prejudiciais durante banhos que não tiveram a devida cautela.
Com a água tudo se cria, logo nas linhas de água que ganham vida os batráquios começam a lançar o seu grasnar bem característico das épocas húmidas
Também não deixa de ser verdade que estas chuvas, por serem as primeiras também têm os seus perigos, quando chove em demasia causa certos transtornos devido ao entupimento que os seus escoamentos ao longo da época seca foram sofrendo, também danifica sementeiras recentes com o deslize de terras e sobretudo torna as estradas muito mais escorregadias em virtude dos resíduos que nos meses mais quentes a circulação rodoviária ali foi largando.
E é dentro destes meandros que o verão nos deixa e o outono nos abraça. Temos que enfrentar nova vida, outros hábitos e acima de tudo proteger mais o corpo, pois as noites começam a mandar mais do que os dias, resultando daí as temperaturas mais baixas.
Coincide também nesta fase do ano o regresso às aulas da população escolar onde se reencontram amizades onde a alegria ferve perante os que são mais animados. Existe também neste período a recepção ao caloiro onde a par do entusiasmo por vezes se verificam certos desmandos muitos deles condenáveis pela sociedade e outros até pela justiça.
Assim deixo o meu parecer sobre o tema que escolhi. Para vós fica a minha opinião muito embora eu tenha que vos dizer que não sou o dono da razão.
Voltarei aqui no dia mundial do coração e no dia do solteiro, que por acaso acontece num dia farto, em que os católicos celebram o dia de São Miguel.
Até lá haja saúde e boa disposição para todos nós. Aquele Abraço.