O mês de março sempre foi caracterizado por certa instabilidade.

Estas constantes mutações têm a sua origem na mudança sazonal, em que os dias mais frios têm tendência a acabar e os mais amenos e com maior amplitude, forçam a sua instalação.
À medida que o mês vai avançando, os dias vão crescendo e aquecendo, logo não é difícil de entender que haja uma diferença térmica entre o início e o fim, dado o espaço diurno ter uma dilatação bem superior a uma hora.
É frequente durante o mesmo dia aparecerem espaços solarengos e chuvas, o que por vezes nos mostra o fenómeno mais colorido do espaço. Estou a falar do arco-íris onde se admiram as sete cores que compõem a luz branca, mas que só nos saltam à vista, pois de outra forma ninguém pode usufruir esse bonito colorido.
Para que tal seja possível temos que estar num posição intermédia e estratégica entre a luz solar e o cenário policromático que visualizamos. Se estas condições se não verificarem, a nossa visão será nula, e também se perderá se mudarmos a nossa colocação, para além do enfiamento em que estávamos inseridos.
Com o avançar do calendário, também avança a alegria pela natureza. A fauna alada a tudo isso dá azo, com a construção dos ninhos e os próprios rituais de acasalamento, fazem com que essa beleza natural nos contagie e nos leve a libertar uma boa disposição na área em que estamos inseridos. É evidente que tem de se estar no espaço campestre onde as aves se sentem mais à vontade devido às suas características silvestres e apaixonadas pela liberdade.
Com estamos no miolo do mês de março, começamos a ter a noção do crescimento de tudo o que gira em volta de nós, eu costumo dizer que cresce tudo o que se vê, apenas minguando o que fica no escuro, como é o caso das noites e algo mais que os nossos olhos não consigam descortinar em meandros que a vida nos esconde.
É dentro desta óptica que estamos à espera de certas referências que temos quando divagamos sobre a experiência que ao longo dos anos fomos adquirindo e que a idade nos foi cimentando como uma certeza, o que nos leva a pôr de parte qualquer pronúncio de ilusão. Acolheremos de bom grado a hora de verão que nos vai permitir umas tardes mais amplas, onde a pressa carregada pelo pôr-do-sol deixa de existir para dar lugar aquele vagar que nos acalma em prol da bonomia e do bem-estar social de que por vezes tanto necessitamos.
A primavera com a natureza bem florida também nos cria uma paz de espírito varrida por um sossego que toma conta de nós para nos libertarmos de agruras que muitas ocasiões nos atormentam, sem que se dê conta dessa situação, mas que a saída se torna difícil.
Ao longo da vida, todos vamos percorrendo este caminho todos os anos, podemos até dizer que o conhecemos de cor e salteado, todavia tem sempre coisas novas para nos surpreender. Há sempre algo que nos chega de modo diferente, sem que para tal se tenha contribuído com o que quer que fosse. Os dias podem ser iguais nas mesmas fases do ano, mas também é certo que se tornam sempre diferentes quanto ao modo como se apresentam, que embora não variando na sua dimensão, acabam por ser diferentes em pequenos detalhes.
É por tudo isso que se afirma que a vida é uma escola, quanto mais se vive mais se aprende e cada dia não deixa de ser uma lição que passa, aumentando a partir daí o nosso conhecimento.
Ao contrário do tempo que não tem parança, nós devemos em certas ocasiões parar um pouco e reflectir. Fica-nos bem encarar com todo o realismo o que acaba de acontecer e viver caso a caso em conformidade.
Vou ficar por aqui, dado que já me alonguei demais em adjectivos e negligenciei o essencial, nem sempre as coisas nos correm como é nossa pretensão.
Irei voltar no dia trinta de março, até lá haja saúde.
Aquele abraço.