Já lá vai o mês de agosto com São Raimundo Nonato a fechar-lhe as portas e na sua despedida o concelho de Carrazeda de Ansiães e celebrar o seu feriado municipal.


O verão também está a caminho do fim, pois a partir das oito horas e cinquenta minutos do dia vinte e três do mês que entrou, o Sol passará a ser mais dorminhoco dando azo a que as noites se alonguem mais.
Talvez por isso o mês de setembro é um mês de mudança. Acabaram-se as férias e volta-se a uma nova época que muitas vezes traz mudanças no quotidiano de muitas pessoas, como habitação, local de trabalho, enfim um sem número de novas adaptações que têm que se fazer para que cada um leve a água ao seu moinho.
A atividade que mais anima este mês, no meu ponto de vista, são as vindimas. Em Portugal esta atividade está em crescendo, dado a cotação do vinho português, seja de que região for, ser cada mês mais apreciado em todo o Mundo, não só no mercado da saudade mas também pelos habitantes desses países, que adquiriram o hábito de saborear o nosso vinho.
Tudo isto acontece porque se apostou na qualidade. Hoje sabemos fazer melhor o vinho do que há umas décadas atrás. Através da enologia, a ciência do vinho, sabemos quais são as castas que mais se conjugam com determinado “terroir” para que daí resulte a dita qualidade que faz subir a cotação nos dois mercados, o nacional e o internacional.
Não é espanto, para a maioria das pessoas, ver uma garrafa de vinho custar cem vezes mais do que outras de igual capacidade. Tudo reside na qualidade e tratamento a que o divino néctar foi sujeito.
Curiosamente, a mudança do século trouxe ao distrito da Guarda uma valência em vinhos, que em tempos mais recuados não estávamos habituados. A margem esquerda do rio Douro superior, para além de produzir o vinho português mais caro, o Barca Velha, também produz o Vale Meão, o Quinta do Vesúvio, o CM (Celso Madeira) entre outros conceituados da região do Douro.
Pelo nosso distrito e relativamente às Beiras dou como exemplo o Marquês de Almeida, já na Parte ligada ao Dão, não posso esquecer o Vinhas Velhas da Quinta da Ponte Pedrinha, bem como o Passarela.
Tenho que dizer que não os coloquei a todos nesta montra, pois certamente outros bem valorizados ficaram de fora, mas posso afirmar que estes não enganam.
Mas a causa principal por que escrevo estas palavras são as condicionantes que nos podem dar o mês de setembro.
Num ano atípico, onde a seca é severa e o calor não se fez sentir em demasia não sabemos o que poderá acontecer, no aspeto climático, até ao São Miguel, que nos chega no penúltimo dia do mês que tenho aqui em análise.
A precipitação líquida ou sólida poderá, se for imoderada, molestar toda a fruta, tornando-a imprópria para os destinos mais adequados. Logo o precioso que é filho da uva perde a sua qualidade com uma acentuada perda na produção.
Como as vindimas tiveram um início temporão, leva-me a crer que tudo a colheita se desenvolva num tempo calmo e sereno, de modo a que o fruto da videira possa ganhar o açúcar, a cor, o paladar e o aroma, conforme for o efeito de cada casta, para que possamos ter bom vinho.
Mas se esta situação for avante, uma outra crise nos bate à porta: a falta de água que dizima as pastagens do setor pecuário e nos força a um abatimento em produções como a carne e o leite.
Decorra o mês de setembro como decorrer, aqui ou ali, será travesso, pois tudo o que se colhe tem a sensibilidade própria, logo não pode agradar a gregos e a troianos.
No entanto espero que não haja nenhuma catástrofe e até como dizia o meu saudoso pai, enquanto por cá estava, que umas águas novas bem caídas, não fazem nenhum mal.
E por aqui fico a ver o que se passa na quinzena que se segue.