No dia seis do mês que decorre, Portugal obteve o maior feito alcançado no seu regime democrático.

Estou aqui a plagiar uma afirmação de um dos maiores cérebros saídos do Portugal profundo, com o nome de Eduardo Lourenço de Faria, mas que o amor ao saber o libertou da morte com o nome de Eduardo Lourenço. Aliás, por toda a sabedoria que vem libertando, o Poder político já o agraciou com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’iago de Espada e ainda com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Serve este meu prólogo para avalizar toda a minha opinião que a seguir passo a expor tendo como base essencial o meu ponto de vista.
No dia a que me referi, o Conselho de Segurança das Nações Unidas elege e aclama por unanimidade para a liderança da maior organização política mundial, a ONU, um cidadão português de nome António Manuel de Oliveira Guterres. Sou dos que admito que para este êxito, nunca alcançado por um português, houve quem colaborasse, muito embora me convença que os maiores trunfos foram a tarimba e a personalidade de António Guterres. É evidente que não ponho de parte a diplomacia portuguesa, a envolvência partidária de todos quantos se sentam no hemiciclo, a lusofonia com o peso que tem no Mundo e, o mais importante para mim, que foi o empenho pessoal do senhor Presidente da República que o acompanhou enquanto candidato, a todos o locais e instituições onde se vislumbrava o maior interesse.
Esta vitória mundial protagonizada por um português, deu azo a que a comunicação social de todo o Mundo no dia seguinte desse o devido destaque. O jornalismo assente em suporte de papel trouxe à primeira página a Figura eleita envolvida em títulos de caixa alta.
De todos os que vi, falhou-me um, e não um jornal qualquer. É, nem mais nem menos, aquele que se intitula como o jornal mais lido em Portugal, mas que também não deixa de ser apontado como o diário que mais procura o sensacionalismo, o enredo e a gaifonice. Tanto que assim é, que no dia da notícia, achou mais interessante indicar o seu novo vencimento do que a nobreza da missão para que fora eleito.
Achava bem que esse distinto órgão de comunicação, o mais lido de Portugal, trouxesse à luz de todos os portugueses as manobras de bastidores protagonizadas pela senhora Merkel que se tem como dona disto tudo e que em tudo se esforçou para tombar na ponta final aquele que já havia vencido em todas as parcelares e por larga margem.
Eu sou como a esmagadora maioria dos portugueses. Fiquei contente e não ouvi um sequer que não estivesse do meu lado, mas também me convenço de que na sociedade em que vivo, há muitos que estão sempre do lado dos que vencem e que até à contagem dos votos estão sempre com o baralho todo na mão.
Mas, de entre estes todos, um mereceu o meu respeito pela sua franqueza. Estou a falar do ex-deputado ao Parlamento Europeu Mário David, que se apresentou como apoiante incondicional de uma das senhoras búlgaras, tal como a senhora Merkel queria só apoiar na meta. Todavia, a sua franqueza esbarra num fracasso pessoal e quanto a isso tem que meditar um pouco quanto ao seu discurso. É que, quando afirmou: - “Que não aceitava lições de patriotismo de ninguém”, estava convencido que seria o melhor dos observadores políticos, quando afinal passou a ser o mais conhecido dos patrioteiros.
Apetece-me aqui referir algo que recolhi de um artigo de opinião assinado por uma grande Figura da nossa praça nos tempos em que vivemos. Estou a falar de Francisco Moita Flores, que deu o seu parecer na coluna que lhe pertence no jornal “mais lido”. Aí se dirigiu a estas pessoas como “mentes doentias”. Não dei conta que alguém se manifestasse.