Cá estamos nós na época em que o espaço diurno diminui e a temperatura baixa.

O vento com a tendência de sopra do lado do Atlântico de onde nos vem a humidade, que com o devido tempo vai causar a precipitação em que se completa o ciclo da água. A queda mais abundante é a líquida, denominada por chuva, mas com o abaixamento das temperaturas pode acontecer em neve ou em granizo. Tudo isso depende das movimentações atmosféricas e da altitude em que estes fenómenos podem acontecer.
O outono está mais de metade vencido, cada vez nos aproximamos mais do solstício de inverno, que chega quatro dias antes do Natal. Como até lá o Sol tem menos incidência no hemisfério norte, aquele onde vivemos, o frio vai tomando conta dos espaços em que habitamos e que frequentamos.
Para vencermos esta adversidade, vamos nos agasalhando e aconchegando às fontes de calor, que nem sempre são as mais aconselhadas para a nossa saúde. Evitamos sair à rua e fazer aquelas caminhadas que nos dão movimento a todo o corpo e nos dá forma física para que possamos vencer as dificuldades que a vida nos vai impondo com o acumular dos sábados, que por mais contas que se façam, não deixa de ser um por cada semana.
A maior parte das árvores frutíferas despem-se, deixam cair a folha e entram com que num estado de hibernação, até que o Sol, já na sua subida anual lhes faça rebentar a casca e voltar ao seu ciclo produtivo no ano imediato.
Como já deram o que tinham para nos dar, merecem o repouso com que a natureza as recompensa.
Popularmente chamam a esta fase do ano “O cair da folha” que por vezes até nos traz transtornos em escoamentos de águas pluviais em determinados centros urbanos, que por não haver a devida limpeza das ruas em devido tempo, tudo vai com a água o que origina vários entupimentos nas estruturas de escoamento.
Estas variações frequentes na temperatura e na humidade, mexe com os corpos mais debilitados, tornando-os muito vulneráveis às gripes e constipações. Como por vezes já estão privados de certas defesas naturais, grande parte das pessoas idosas acabam por partir e daí se fale que o cair da folha ganha a fama de ser muito lutuoso para os que ficam e em respeito pelos que partem.
Como o espaço diurno diminui as noites aumentam, pelo que são aproveitadas para várias diversões, onde o calor humano e a culinária apresentam as ementas próprias desta época. Estou aqui a falar de um exemplo, que me cria água na boca, que são as lagaradas. São poucas as pessoas que não as apreciam e por via disso à necessidade de se agendar a festança. O ambiente quente é propício, o azeite ainda quentinho acabado de fabricar, adoça as couves, engorda as batatas e enriquece o bacalhau. Como o tempero é em abundância o vinho tinto tem que se beber um pouco para além da regra, para que toda a parte digestiva fique desenjoada. Nada melhor pode acontecer a quem gosta de estar num ambiente quente e de barriga cheia. Tudo isto gera alegria logo as gargantas mais bem untadas lançam uns fados e outra modas, para que o garrafão não pare de dançar em volta da mesa, que muitas das vezes até é improvisada.
Há uma tendência para que esta diversão diminua, pois os lagares em laboração já não ocupam tanta gente, nem o pessoal mais novo está virado para isso pois ali cada qual tem quem fazer algo uma vez que não há cozinheiro de serviço e todos têm de dar o seu contributo em trabalho e em géneros.
Debrucei-me sobre estas duas particularidades que tem o cair da folha. Uma é mais triste, mas em tudo natural e outra bem enraizada na nossa cultura popular que muitos não querem deixar perder, pois é um modo de conviver alegremente e salutar daqueles que gostam de enaltecer e saborear um dos melhores valores que a terra nos dá.
Ficai com Deus e aqui voltarei no dia da padroeira de Portugal. Haja saúde.