O tempo não pára, a sua velocidade não aumenta nem diminui.

Embora muitas vezes nos pareça que o tempo demora mais ou menos tempo a passar, tudo depende do nosso estado de espírito. Se estamos a atravessar momentos alegres, temos a sensação que o tempo foge, se esperamos por algo cuja chegada é incerta, lá vem a sentença popular: - Quem espera desespera!
Mas todos estamos cientes de que a marcha do tempo sempre mantém a mesma cadência, muito embora aos idosos, onde eu me incluo, vejam o tempo passar a correr, ao contrário dos adolescentes que têm sempre pressa em festejar o seu aniversário, pois vêem-se mais realizados na idade adulta.
Serve isto para vos dizer que a primavera e chegou com a alegria que muito bem a caracteriza onde se destacam os campos floridos e o sol a fazer diminuir as sombras, por estar a caminho do seu ponto mais elevado, que acontecerá a vinte de junho precisamente no dia em termina a estação primaveril.
O inverno já lá vai! São José no seu dia fechou-lhe as portas, como tal ficou impedido de ver o sol na manhã seguinte. A primavera que ocupou esse lugar mostrou-se muito ativa pois logo nos seus primeiros onze dias enquadrados no mês de março, nos brinda com o domingo de Ramos e ainda com as cerimónias religiosas da semana santa, onde o ponto mais alto tem lugar na capital do Minho, também conhecida pela cidade dos arcebispos. É evidente que a quadra pascal mexe muito com os que sentem a fé católica, segundo a minha visão é na Páscoa que assenta toda a religião do culto mariano. Mas para além disso há outros interesses que demoram um ano até que chegue agora a ocasião de se concretizarem. Estou a falar do âmbito académico, em que têm lugar as excursões dos finalistas para que os mesmos possam dar azo à sua alegria fora das linhas do nosso continente.
A primavera conhecida como a primeira estação do ano, faz com que tudo cresça e tudo se desenvolva dentro da natureza. Começa a dar-nos os primeiros frutos como é o caso das cerejas, que dentro deste espaço vão desde a flor ao fruto maduro.
Outras frutas de crescimento mais lento, também vão tendo o seu desenvolvimento, dando aí já alguma coisa a dizer sobre as colheitas que normalmente acontecem na estação seguinte.
Uma curiosidade pouco conhecida da primavera é a passagem do cuco pelas nossas bandas. Chega dentro da primavera, espalha os ovos pelos ninhos alheios, recolhe a criação e vai embora antes do verão chegar. Apenas passa cá um período primaveril. Aliás é uma ave que faz muita fanfarronice à sua chegada, mas na sua partida ninguém dá por isso.
Todas as outras aves no gozo da sua liberdade bem se mostram atarefadas na elaboração dos seus ninhos em que alguns são umas perfeitas obras de arte, construídos pelos mais diversos materiais que a natureza lhes disponibiliza.
Eu sou camponês, vivo no campo sem viver do campo, noto que há uma diminuição na fauna alada, nomeadamente nos pássaros de pequeno porte. Já nos de maiores dimensões vejo aparecer espécies raras que em muito danificam os frutos de certas árvores.
No ano em que vivemos, podemos dizer que a primavera entrou numa época festiva, mas o que não deixa de ser verdade é que nos deixa sempre numa quadra divertida, pois vai-se embora numa altura em que estão em marcha os santos populares, tendo ainda o Santo António por sua conta. Donde tira partido do maior espectáculo de rua, isto no meu ponto de vista, que são as marchas de Lisboa.
Assim vejo eu a primavera, que me deixa tirar o casaco e me permite a manga curta para poder ter mais agilidade, que progressivamente me vai faltando. A culpa não é das primaveras, pois já as não conto por serem muitas, mas sim dos outonos que se vão amontoando e vão fazendo vergar o corpo, até que um dia fique nivelado. Mas isso também faz parte da vida. Torna-se numa outra estação, que é a terminal da nossa viagem pelo mundo dos vivos. Eu não tenho pressa em lá chegar, mas estou certo e seguro de que isso vai acontecer.
Aqui voltarei no dia onze de abril. Até lá haja saúde!