Quem passa pelos arredores do Outeiro de S. Miguel, quer vindo da área de Vilar Formoso ou da cidade da Guarda, percorrendo a antiga estrada, que ligava e ainda une as duas povoações, depara-se com um espetáculo deslumbrante.


Papoilas floridas, aos milhares, espalham a sua cor e beleza numa superfície bem larga.
Alguém se lembrou de espalhar ao vento algumas sementes de papoilas amarelas. Agora apresentam-se com variados tons, com variados cambiantes, numa combinação, em equipa, para impressionar quem passa. Que dirão aos olhos e ao coração dos que sabem ver e apreciar estas pequenas maravilhas? Como vieram aqui parar? Quem as cultiva? Quem preparou a terra para a sua sementeira? Quem as rega? Quem é que as trata?
Respondendo às perguntas, acrescenta-se, ninguém. Ninguém fez este trabalho, ou melhor dito, são obra da Natureza que cumpre ordens do Criador.
«Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies. Assim aconteceu.» (Gen.1,11)
São sementes bem pequeninas, mas que têm, dentro de si, a potência de produzir vida em abundância.
Algumas plantas nasceram nas frestas do alcatrão mesmo à beira da estrada e cresceram com liberdade e fulgor; outras nasceram nos campos entre verduras, giestas, e outras plantas, emprestando à natureza um tapete verde pintado com pétalas coloridas que enriquecem a beleza das coisas criadas, mesmo as mais simples, que não sacrificam ninguém.
Foi com tristeza, que vi que máquinas de limpezas, trabalhando à beira da estrada, para evitar futura propagação de incêndios, já tinham cortado muitos pés de papoilas das que, por um atrevimento feliz, mais se tinham aproximado das pessoas para as cumprimentarem, lhes darem as boas-vindas e lhes desejarem boa viagem.
Obrigado, papoilas! Muito obrigado pela beleza que semeastes e, com ela, aliviastes um pouco, o custo dos afazeres que cada um tem de cumprir, para ganhar, honestamente, o pão de cada dia.
Perante a abundância e a variedade de papoilas, há quem veja nisso, uma bênção especial do venerável Bispo D. João de Oliveira Matos, que viveu e morreu com fama de santidade e cujos restos mortais se encontram na Igreja do Outeiro de São Miguel.
Haverá alguma referência entre as abundantes e belas papoilas e o venerável santo?
Cada um que responda a esta pergunta. Uma coisa é certa e a bênção de Deus não se pode negar!