Amigos e outros que tais...

O produto mais apetecível do momento, à face da Terra, é uma vacina. A vacina contra o Sars-Cov 2, mais vulgarmente conhecido por coronavírus, causador da Covid-19. Esta desejada vacina devia estar a ser administrada mediante um plano nacional, rigoroso e sobretudo estável, elaborado pelo ministério da Saúde, de forma a não suscitar dúvidas às pessoas e às entidades encarregadas da sua administração e implementação. Também não devia levantar qualquer tipo de incerteza junto dos utentes a quem vai ser inoculada.Ora, parece que listas já houve várias e não há nenhuma. Estamos um pouco entregues ao destino. É cada um por si e fé em Deus. O plano de vacinação tem sido alvo dos maiores atropelos, alterações e violações. Não sei se estas circunstâncias levantam questões no plano jurídico ou se se situam apenas na esfera da ética. Certo é que a falta de respeito ao famoso plano tem vindo dos mais variados setores da sociedade e as responsabilidades tardam em ser assumidas. Os fura filas ultrapassam as prioridades sempre que podem e o próprio Ministério da Saúde não tem sabido organizar as próprias filas. Ora, as primeiras filas começaram por ser para os profissionais de saúde, onde coube todo o amigo do peito e do partido que domina mais, autarcas e outros oligarcas locais. Seguiram-se os trabalhadores dos serviços essenciais e deixaram picar o braço a muitos mais, uma vez que as vacinas chegaram a administradores e outros que tais.De seguida vieram os titulares de órgãos de soberania, cuja definição gerou uma grande confusão. A vacina já chegava a milhares e não tardava que a lista viesse a ter um milhão. A vergonha falou mais alto e alguns recuaram, outros não.Por agora fala-se em vacinar os maiores, que tenham oitenta anos ou mais, mas logo apareceram outros oportunistas mais. Uma espécie desconhecida de cuidadores, que porventura nunca cuidaram dos próprios pais. Esticaram involuntariamente o braço e a seringa picou uns quantos mais.E nas escolas, os docentes, como ficam?Dizia-se pelos idos de janeiro que a testagem iria ser em massa, mas hoje estamos em fevereiro e apenas vemos que o tempo passa. Nas escolas concentram-se todas as relações familiares e sociais. Uns vêm assintomáticos, outros com alguns sinais e o Ministério da Educação diz que os professores ficam para outros carnavais.Afinal o famoso plano era de amigos e poucos mais.