ABRIL TRISTE!

Ao longo dos tempos, o mês de abril foi sempre muito alegre e festejado.  Já entra em plena primavera com a natureza florida e a luz solar a mandar mais do que a noite. Talvez por isso há cinquenta anos a saudosa Diva do fado, Amália Rodrigues fez entoar o abril em Portugal que correu Mundo e ainda hoje se vai ouvido.Em termos religiosos abril é muito festejado, pois basta dizer que aproximadamente a dois terços num aspeto global, a Páscoa, a maior festa da Igreja Católica celebra-se neste mês englobando na maioria das vezes, com era o caso deste ano, as cerimónias do Domingo de Ramos, bem como outros eventos inerentes à religiosidade da semana, que fazia com que Portugal fosse invadido por milhares de turistas, nomeadamente espanhóis.Localmente havia as festas locais que eram regidas  pelo calendário litúrgico, onde havia muitas a coincidir com a segunda-feira de Páscoa e outras com a segunda-feira de Pascoela, que é precisamente uma semana depois. Ainda ligados à Igreja, há as festas aos santos padroeiros das localidades que obedeciam ao calendário civil. Faço aqui um reparo ao São Marços, que é festejado no dia vinte e cinco de abril, onde é acusado pela velha crença popular de que com a ajuda de um clima adverso, acaba por deitar os figos ao chão.No aspeto Político temos o dia maior do ano, estou a falar em minha opinião, que é realmente o dia de São Marcos, onde se celebra a liberdade, sobretudo a de expressão. Todas as grandes figuras da sociedade portuguesa, tanto civis como militares, não assumem outro compromisso que não seja honrar o feito de Salgueiro Maia que foi o principal protagonista, na vida de Portugal e dos portugueses. É também o dia em que as Forças Armadas mais mostram o seu poder na rua onde desfilam as Armas e os vários ramos das Tropas portuguesas.Até aqui foi descrito o que é o mês de abril num ano normal, em tudo idêntico ao das últimas décadas da vida de Portugal e dos portugueses. Só que no que estamos a viver resolveu fechar a loja e não há nada para ninguém. Ficaram as superfícies de bens essenciais para a vida, onde o pessoal para ser servido me faz lembrar os meus tempos de tropa para receber o pré, um de cada vez, aprumados e limpos de forma imaculada. Depois de toda a formalidade comprada avançava o seguinte após ouvir a chamada.Neste atípico mês de abril, nada se vê, nada nos mete graça, todas as autoridades deste país nos mandam ficar em casa.Tudo isto para que a gente não sirva de hospedeiro a um vírus de origem chinesa, que por aqui foi rebatizado como Covid 19. Porque todos os vírus são sinónimos de veneno, este também derruba o ser humano, se não se proteger dele, pois a ciência até hoje penso eu que ainda não criou qualquer arma que o viesse a debelar.Remédios conhecidos, o isolamento, poucos contactos ente as pessoas e a lavagem das mãos frequentemente com sabão azul, a que alguns por ironia designam por sabão macaco.Sei quando comecei por ter conhecimento do que estava para acontecer, estou a falar de 10 de março, mas até hoje ainda ninguém me garantiu onde estava colocado o final da maratona.Desta situação, eu não sou daqueles que culpo quem quer que seja, nem tão pouco sei apontar o melhor caminho. Respeito as fácticas que me dão, pois não há recitas para ninguém e cá vou fugindo de uns e de outros, pois em casa estou só e mal corre que eu seja infetado por mim próprio.Espero que a natureza derrube esta situação, uma vez que a ciência não tem ao seu alcance a fórmula química para esta saída.Vou aqui com a devida vénia citar o grande cientista Carlos Fiolhais, que conheço desde finais dos anos setenta, que recentemente afirmou: - o planeta é dos humanos, das bactérias e dos vírus. Por aqui fico sem nada poder argumentar.