A tragédia do nosso planeta

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Jornal A Guarda

Os alertas foram numerosos e trágicos na Cimeira de Charmel Shake.

Estamos perante um planeta moribundo, à beira do abismo, que, se não mudarmos a trajectória, vamos direito à catástrofe. Desesperadamente, alguns afortunados americanos já falam abertamente de um plano de evasão para o planeta Marte, pois acreditam que a situação na Terra vai tornar-se insuportável, inabitável.
Os países “desenvolvidos” deixam-se ainda embalar pela ilusão de que podem escapar aos efeitos das mudanças climáticas. Ainda há dias tivemos a notícia de um tornado que passou por Alcântara e Alvalade e provocou o pânico entre a população. Os mais velhos ainda se lembram do tornado em Castelo Branco, a 6 de novembro de 1954 que arrasou uma parte da cidade, provocou 5 mortos e mais de duas centenas de feridos, com avultados prejuízos materiais. Não se imagina que Portugal possa ter algum dia uma catástrofe da dimensão do furacão Katrina que alcançou ventos de 280 km e arrasou uma grande parte da cidade americana de Nova Orleães.
Têm todos a impressão de que os efeitos climáticos atingirão mais as populações do sul, mas a região mais rica do mundo está assente em pés de barro. Ainda há poucos dias regressei das terras do tio Sam e pude verificar a inconsciência e ao mesmo tempo a fragilidade em que aquele povo vive. Um consumo individual desmesurado na compra de bens, em supermercados, uma euforia na utilização de veículos automóveis descomunais com velocidades quase incontroláveis, um ruído constante provocado pela azáfama quotidiana de uma América que não dorme. E, no entanto, as barragens estão secas, os rios tornaram-se num fio de água. A Califórnia, com as suas terras férteis, aráveis, cheias de pomares de toda a espécie de fruta, regadas com as últimas águas provenientes da Serra Nevada, agora escalpada, não se dá conta que está moribunda e que os dias lhe estão contados. As várzeas de legumes ao longo do Vale de São Joaquim, com extensões de terras que eram o celeiro da América, estão a esgotar as últimas gotas de água e os agricultores dificilmente conseguem alimentar os animais. Aquela América nunca poderá imaginar suportar as consequências do acto louco de ter construído cidades em pleno deserto, como Las Vegas, no Nevada, e Phoenix, no Arizona, nem que para isso tenha de provocar uma guerra para pilhar as necessárias matérias primas para fazer viver e alimentar o sonho da Great America.
Quando dizemos que será o hemisfério sul o mais afectado, desconhecemos a capacidade de resistência e de resiliência que essas populações adquiriram, a viver sempre num meio hostil. Talvez tenhamos de aprender com eles a viver de uma maneira sóbria, limitando o consumo a bens que vêm do fim do mundo, cultivando a terra com mais respeito e amor por ela e contentando-nos com um turismo descobridor daquilo que fica perto de nós, mais preocupado com o contacto das pessoas e das suas tradições.
Foi o imperialismo e do colonialismo que destruíram os ecossistemas em muitas partes do hemisfério sul, através das culturas extensivas e monocultura que só empobrecem as terras e as gentes.
O problema é que nós, os ocidentais, andámos a publicitar a superioridade do nosso sistema que tem uma enorme pegada carbónica e que a vida nos países “subdesenvolvidos” era bárbara e arcaica. Agora que os jovens do mundo inteiro têm todos um smartphone, o ocidente civilizado não se pode admirar das avalanches de imigrantes que arriscam a vida para concretizar o ideal que lhe transmitimos durante tantos anos.

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