Igreja

Vaticano

O Evangelho apresenta-nos os discípulos reunidos numa casa com as portas fechadas. E apresenta-nos, sobretudo, um discípulo com as portas do coração fechadas à fé. Todavia, apesar de nos termos habituado a ver Tomé como o discípulo incrédulo, cremos na utilidade do seu testemunho. Já um Papa, S. Gregório Magno, dizia: “a incredulidade de Tomé foi mais útil à nossa fé do que a fé dos discípulos crentes”.
Jesus ressuscitado mostra a S. Tomé as chagas dos pés, das mãos e do lado aberto. Graças a Tomé, portanto, sabemos que as marcas do corpo ferido de Jesus permanecem no seu corpo ressuscitado, no corpo glorioso. O Filho de Deus encarnou e tocou a nossa miséria, e a nossa miséria deixou marcas n’Ele. O amor de Cristo pela humanidade permanece um amor ferido, e este amor ferido chama-se, hoje, Misericórdia.
“Aproxima a tua mão e mete-a no meu lado” é a resposta condescendente e humilde de Jesus à fé limitada de Tomé. Apesar de querer provas para acreditar (“se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos…”), acaba por dar provas de uma fé total: “Meu Senhor e meu Deus!” O evangelho não diz se Tomé chegou a tocar nas chagas de Cristo, mas deixa claro que foi tocado por elas!
“Meu Senhor e meu Deus!” é expressão de uma fé total e pessoal. Uma fé total porque de Jesus nada de mais alto se pode dizer senão que Ele é Senhor e Deus, como o Pai e o Espírito Santo. E uma fé pessoal, graças à qual Cristo não é simplesmente Deus e Senhor, mas é o meu Deus, o meu Senhor, o Senhor da minha vida, cuja presença (mãos e pés) me é familiar.
Jesus entra numa casa que tem as portas fechadas. Mas sobretudo, entra num coração que ao início está fechado, mas que se abre quando é tocado pelo amor ferido, humilde e misericordioso de Cristo. A fé é um dom oferecido a quem não se fecha teimosamente nas suas certezas, a quem descobre nas chagas de Cristo as marcas de um amor pessoal, o amor do meu Senhor, do meu Deus.
Permanece aberto, após a ressurreição, o lado trespassado pela lança do soldado. Daquele lado aberto, de onde saiu sangue e água, continua a brotar o sangue da Eucaristia e a água do Baptismo. Aquele lado estará eternamente aberto, o seu coração eternamente disponível para ser tocado e para nos tocar, nos Sacramentos.
A fé cristã é autêntica quando é pessoal: Meu senhor e meu Deus! Ao mesmo tempo, só é verdadeira se é partilhada: é a fé dos discípulos reunidos em volta de Jesus, na mesma casa, no primeiro dia da semana, o Domingo. E a fé pessoal e partilhada é fonte de felicidade, como Jesus proclama: “Felizes os que acreditam sem terem visto”.
Só quem vive com coração aberto pode chegar à fé. Mas só vive a fé de verdade quem abre o coração aos outros: entre os que tinham abraçado a fé, diz a primeira leitura, “não havia qualquer necessitado”. E a razão é que a fé os tornava atentos e generosos face às necessidades dos outros. A crise económica de então, sem as teorias milagrosas dos messias economistas de hoje, foi resolvida pelo milagre da partilha, do amor efectivo e concreto, da caridade, fruto da fé.

Desde a Páscoa, a nossa vida não é a mesma coisa. Depois do que aconteceu, nada pode ficar igual. Cristo morreu e ressuscitou e,

Iniciamos a Semana Santa com ramos nas mãos. Desse modo imitamos a multidão que, ao ver Jesus entrar em Jerusalém montado num jumentinho, O aclamava e, enquanto uns estenderam as suas capas, outros, à sua passagem, “puseram ramos que tinham cortado no campo”. Uma mistura de sentimentos nos invade em cada Domingo de Ramos. O mesmo Jesus agora aclamado como Rei e Filho de David, será em breve objecto de troça, de traição e condenado à morte. Em poucos dias tudo muda tão rapidamente. E é possível que os mesmos que agora exclamam “Bendito o que vem em nome do Senhor” estarão entre aqueles que gritam e pedem a Pilatos: “Crucifica-O! Crucifica-O!” Esta inconstância nas atitudes, esta mudança repentina no comportamento, esta incoerência, é própria de cristãos superficiais, que vivem a fé à maneira de camaleões, mudando de cor conforme a conveniência do momento. Ninguém está livre desta fraqueza. Todos temos algo de Pedro dentro de nós: quando estar com Jesus é fácil, declaramos “nunca Te negarei”; quando é difícil ser fiel, cedemos: “não O conheço”. Qual o segredo, então, para possuir um entusiasmo duradoiro e um carácter forte e constante no seguimento de Cristo? A escuta da Palavra de Deus, a meditação da Paixão, celebrar e viver intensamente o Mistério Pascal. Detenhamo-nos na primeira leitura. Um discípulo, mais tarde descrito como Servo do Senhor, revela a sua determinação e força interior com expressões como estas: “não recuei um passo; não desviei o meu rosto dos que me insultavam; não fiquei envergonhado”. O segredo da sua força e determinação é só um: “Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos para eu escutar”. Todas as manhãs Ele se põe à escuta de Deus, da sua palavra, da sua orientação. O seu dia, a sua vida inteira, o seu comportamento, a sua missão de discípulo nascem da escuta. Este discípulo, este Servo de Javé, é sobretudo imagem de Jesus que na sua paixão não desviou o rosto dos que O insultavam e cuspiam, não recuou um passo enquanto não levou o seu amor até ao fim. A segunda leitura apresenta-nos um hino antiquíssimo, expressão da fé dos primeiros cristãos no mistério de Cristo, da sua encarnação, morte, ressurreição e ascensão. Dificilmente encontraremos algo de mais útil e frutuoso nestes dias santos do que ler, reler e meditar este hino. E através dele, ler, reler e meditar toda a paixão de Cristo. Que todas as manhãs desta semana, sobretudo, Ele desperte os nossos ouvidos… Tenhamos coragem de abdicar de tudo o que nos impeça de a viver intensamente. Só assim a Páscoa de Jesus será também nossa, e a sua passagem da morte à vida far-se-á em nós passagem do pecado à graça, início de vida nova e renovada. Escutar a Palavra de Deus e meditar a Paixão de Cristo, é o programa santo para uma Semana Santa. Só assim podemos entrar no coração da Paixão, na dor e no amor com Cristo a vive, por nós e para nós. Só assim dele sairemos reconhecidos, agradecidos e fortalecidos para sermos testemunhas da Ressurreição.
Vaticano O Papa Francisco associou-se, no último Domingo, 22 de Março, à celebração do Dia Mundial da Água, promovida pelas Nações Unidas. Na recitação do ângelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, pediu que este recurso natural esteja disponível para todos. “A água é o elemento mais essencial para a vida e da nossa capacidade de o guardar e partilhar depende o futuro da humanidade”, referiu. E acrescentou: “Encorajo a comunidade internacional a vigiar para que as águas do planeta sejam adequadamente protegidas e ninguém seja excluído ou discriminado no uso deste bem, que é um bem comum por excelência”. O Papa convidou os presentes a recitar uma passagem do ‘cântico do irmão sol’, de São Francisco de Assis, em que se louva Deus pela “irmã água”. Na ocasião o Papa voltou hoje a surpreender os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, distribuindo 50 mil exemplares de evangelhos de bolso, com a ajuda de 300 sem-abrigo. “Agora repetimos um gesto que já fizemos no último ano: segundo a antiga tradição da Igreja, durante a Quaresma entrega-se o Evangelho aos que se preparam para o Baptismo; da mesma maneira, eu hoje ofereço-vos a vós, que estais na praça um Evangelho de bolso”, explicou, após a recitação da oração do ângelus. “Vai ser-vos distribuído gratuitamente por algumas pessoas sem-abrigo, que vivem em Roma. Tomai-o e levai-o convosco, para o lerem muitas vezes, todos os dias. A Palavra de Deus é luz para o nosso caminho”, acrescentou. O Papa repetiu assim um gesto que tinha feito a 6 de Abril de 2014, concretizando um apelo que renovou ao longo do seu pontificado, para que cada católico tenha no bolso ou na mala uma edição dos evangelhos para ler regularmente. A iniciativa foi concretizada, desta feita, com a ajuda da Esmolaria Apostólica, por vontade do Papa Francisco. Além dos sem-abrigo, os livros foram distribuídos por seminaristas de Roma, religiosas da congregação fundada pela Madre Teresa de Calcutá e outras religiosas. O volume editado pela Tipografia do Vaticano contém os quatro evangelhos e os Actos dos Apóstolos, abrindo com uma citação da exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco, e uma oração do beato inglês cardeal John H. Newman.

O Evangelho de hoje começa com o desejo de ver e termina com a promessa de ser atraídos. Inicia com um grupo de pessoas que querem ver e encontrar Jesus: “Nós queríamos ver Jesus”. Conclui com a promessa de atrair todos para Ele: “Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim”.

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Depois de Jesus ter purificado o templo, em Jerusalém, veio ter com Ele um fariseu chamado Nicodemos. Veio de noite, à procura de Jesus, à procura da luz. Com Nicodemos, vamos também nós, na Quaresma, ao encontro de Cristo, Luz do mundo, deixando para trás as noites da existência, as trevas do pecado.