Igreja

O Ano Litúrgico termina sempre com a festa de Cristo Rei, designada pela Liturgia como a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Por essa razão, a Palavra de Deus convida-nos a reflectir sobre a realeza de Jesus, sobre a sua missão enquanto rei e o que ela implica para os cristãos. O Evangelho coloca-nos dentro da narração da Paixão de Cristo e, mais concretamente, no momento em que Ele se encontra diante de Pilatos. Por duas vezes o governador Lhe pergunta se é rei. Jesus responde: “É como dizes: sou rei”. Mas, ao mesmo tempo, esclarece que não é um rei à maneira dos homens. É original por várias razões: o seu reino não é deste mundo; não tem guardas; a sua missão, enquanto rei, consiste em “dar testemunho da verdade”. Embora Jesus não negue que é rei, a afirmação central do evangelho, e para a qual, por isso, devemos dirigir a nossa atenção, é aquela que descreve a sua missão: “vim ao mundo a fim de dar testemunho da verdade”. Em consequência, o que têm de fazer os cristãos, e todos aqueles que O reconhecem como rei, é escutá-l’O: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Jesus é julgado por Pilatos. Mas, ironicamente, com a declaração de Jesus, quem verdadeiramente está a ser julgado é Pilatos. A questão não é mais se Jesus é culpado ou inocente, mas sim se Pilatos é ou não da verdade. Antes de condenar Jesus, é ele próprio que se condena porque tem de decidir se prefere a verdade ou a mentira, a luz ou as trevas, e “a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3,19). Pilatos é exemplo daquela pessoa que não chega a tomar uma decisão firme, porque quer agradar a todos. Não quer condenar Jesus pois percebe que é inocente; mas também não quer desagradar ao povo. Não se quer comprometer. Mas ser da verdade exige compromisso, firmeza e coragem. Diante de Jesus ninguém pode ser neutral. Não se pode ser ‘mais ou menos’ cristão. Não se pode estar na Igreja com um pé dentro e outro fora. Não podemos decidir que partes do evangelho são para viver ou descartar, porque a Verdade não se escolhe, acolhe-se. Jesus pode dar testemunho da verdade porque desceu do Céu, de junto do Pai: “Vós sois cá de baixo; Eu sou lá de cima!” (Jo 8,23) Por isso conhece a Verdade. O Filho faz o que vê fazer ao Pai, “pois aquilo que o Pai faz, também o faz igualmente o Filho” (Jo 5,19) e fala daquilo que ouve ao Pai: “falo ao mundo daquilo que ouvi Àquele que me enviou, e que é verdadeiro” (Jo 8,26). As suas palavras e as suas acções reflectem, dão testemunho, da palavra e do modo de agir de Deus. “Quem é da verdade escuta a minha voz”. O significado profundo do verbo escutar implica, aqui, escutar com atenção, entendimento e aceitação. Noutro momento, servindo-se da imagem do pastor, Jesus declarou que as ovelhas escutam a voz do pastor. Então, aqueles que pertencem à verdade são as ovelhas dadas a Jesus pelo Pai; mas aqueles que não O escutam não pertencem a Deus. Jesus, sendo Rei, não precisa nem quer ter guardas, só discípulos. Não quer súbditos, só amigos. Amigos que reconhecem a sua voz, aceitam a sua Palavra como a Verdade feita carne e se comprometem com ela a tempo inteiro, sempre e em toda a parte.
Vaticano O Papa reagiu, no sábado, 14 de Novembro, aos atentados do dia anterior em França, numa carta enviada ao arcebispo de Paris, onde se uniu “ao drama e à dor” das famílias das vítimas e condena de forma veemente a violência que tomou a capital francesa. “A violência não resolve nada”, disse o Papa Francisco numa missiva endereçada ao cardeal André Vingt-Trois, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé. No mesmo texto, o Papa argentino classificou os atentados como um “ataque horrível” que não pode passar ao lado de todos. “Que Deus inspire nas pessoas pensamentos de paz e solidariedade e que leve às famílias das vítimas e a todo o povo francês a plenitude das suas bênçãos, neste momento difícil”, escreveu o Papa. O Papa Francisco disse ainda estar “junto em oração” de toda a nação gaulesa e de todos os que estão a participar no apoio às populações mais atingidas. No Domingo, 15 de Novembro, o Papa condenou publicamente no Vaticano os atentados terroristas que provocaram pelo menos 129 mortos e centenas de feridos em Paris, classificando-os de actos “intoleráveis”. “Diante de tais actos intoleráveis, não é possível deixar de condenar a afronta inqualificável à dignidade da pessoa humana. Quero reafirmar com determinação que o caminho da violência e do ódio não resolve os problemas da humanidade”, disse, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro. Para o Papa, “utilizar o nome de Deus para justificar este caminho é uma blasfémia”. Após a recitação da oração do ângelus, O Papa Francisco manifestou “profunda dor” pelos ataques que provocaram “numerosas vítimas” na capital de França, enviando as suas “mais profundas condolências” ao presidente do país e a todos os seus cidadãos da “querida nação francesa, primeira filha da Igreja”. “Estou particularmente próximo dos familiares de quantos perderam a vida e dos feridos”, acrescentou. O Papa realçou que “tanta barbárie” deixou as pessoas “consternadas” e levou-as a questionar-se “como é que o coração humano pode projectar e realizar acontecimentos tão horríveis, que perturbaram não só a França mas também o mundo inteiro”. “Convido-os a unirem-se à minha oração: confiemos à misericórdia de Deus as vítimas inocentes desta tragédia. Que a Virgem Maria, mãe de misericórdia, suscite nos corações de todos pensamentos de sabedoria e propósitos de paz”, referiu, antes de um momento de silêncio na Praça de São Pedro.

Prestes a chegar ao fim de um ano litúrgico, a Palavra de Deus apresenta-nos um dos últimos ensinamentos de Jesus

Nota Episcopal de D. Manuel Felício

Religião

O caminho de Jesus, acompanhado pelos seus discípulos,