Entre margens da Palavra


0. Preparo-meProcuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto- Leio pausadamente o Evangelho Jo 2,13-25.- Sublinho e anoto o mais significativo.No Templo de Jerusalém, Jesus realiza um gesto de cariz profético. Expulsa vendedores e cambistas que, segundo ele, profanam o sentido espiritual daquele lugar sagrado.
2. O que me diz Deus- Que me dizem as palavras e gestos de Jesus? Ao expulsar o “comércio” do templo, Jesus não purifica apenas aquele lugar sagrado. Recorda-me que a autêntica religiosidade nasce na interioridade. Esta (com seus ritos exteriores) deve expressar o que experimenta o íntimo. O verdadeiro culto baseia-se na gratidão e reconhecimento pelo que Deus faz. Não naquilo que faço. A reverência a Deus vive-se na relação com Ele. Por isso, Jesus revela-se como verdadeiro espaço da experiência divina. É por Ele que vivencio, conheço e adoro Deus.
3. O que digo a Deus- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).Senhor, esse gesto destoa da imagem pacífica que temos de Ti. Quiseste denunciar algo importante: é fácil deturpar a religião num comércio com Deus. Mas, como “comprar” ou “pagar” o que não tem preço!? A salvação é dom gratuito teu.Ajuda-me a expulsar, em mim, tudo quanto perverte a relação conTigo, com a vida e com os outros: interesses mesquinhos, mágoas, obsessões, preconceitos tóxicos… Dá-me a ousadia de ser frontal contra o pecado, a injustiça e a mentira.Lembra-me que, se as igrejas estão fechadas, posso encontrar-Te no templo interior, santuário do teu Espírito. É intimamente que Te amo e louvo. Depois, o quotidiano da minha vida revela que sou teu discípulo. Só assim tem sentido reencontrar-me com meus irmãos e, juntos, celebrar o sacramento do teu amor por nós: a Eucaristia.
4. O que a Palavra faz em mim- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.Senhor, é na gratidão do coração, dentro ou fora de qualquer templo, que encontro os gestos e palavras adequados para Te louvar. Assim Te contemplo e adoro.Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES- Que devo “expulsar” da mente e do coração para adorar Deus?- Sou “praticante” do amor a Deus e ao próximo ou apenas de gestos e hábitos?- Em que situações existenciais tenho de ser mais frontal?
UM PENSAMENTO“Edifica em mim a igreja para que, onde quer que vá, se encontre um santuário.” (Rachel Joy Scott)
UM DESAFIOPedir ao Espírito Santo a graça de encontrar e louvar Deus no meu íntimo.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Contemplo o templo que sou(ou, no íntimo, espero ser)e que este tempo desconsertou.Nele, medo, caos e desarrumoanseiam por outro aprumo.
Contemplo o templo que vês,ainda que tarde em acontecerque nele reines, mais esta vez.Pousada por Ti escolhida:Interioridade, zelada guarida.
Contemplo o templo que serei(se tudo em mim comprometer).Melhor Anfitrião não adorarei:se dele o desconcerto expulsarsaberei, por fim, conTigo orar.