Esta semana podemos ficar com uma sensação estranha ao escutar as palavras de Jesus.

Parece que Ele está a ensinar os seus discípulos a serem uns espertalhões! “Vai sentar-te no último lugar” e, quando o dono da casa te chamar mais para cima, “ficarás honrado aos olhos dos outros convidados” (Lc 14, 10). Não estamos habituados a ver n’Ele este tipo de truques! Pelo contrário, recordamos as repreensões que dava aos seus discípulos sempre que algum ambicionava grandezas, poder ou prestígio e como os convidava à simplicidade, humildade e serviço. Ele próprio, para dar o exemplo, lhes lavou os pés na Última Ceia, depois de perguntar: “Quem é o maior? Quem está sentado à mesa, ou quem serve? Ora, Eu estou no meio de vós como quem serve” (Lc 22, 26-27). Assim os preparava para as exigências da fé cristã. Qual será, então, a finalidade destes ensinamentos?

Jesus conhece bem a natureza humana. Sabe que nos discípulos poderá haver, em todos os tempos, a tentação da vaidade, dos primeiros lugares, do poder. Sabe também que, por causa de tudo isto, poderá haver tensões, rivalidades, divisões. De facto, continuamos a verificar que estas tentações são recorrentes, quer nos cristãos, em geral, quer na hierarquia da Igreja, em particular. Daí que a referência concreta à necessária humildade, continue pertinente: “Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lc 14, 11). A humildade é uma virtude essencial para o cristão, independentemente da missão ou responsabilidade que possa ter no seio da Igreja. Mas, mesmo assim, há que ter cuidado para não cair na falsa humildade, que consiste no egoísmo de ‘servir os pobres’ para ‘se servir deles’ a fim de conquistar recompensas espirituais! É um comportamento tão manhoso como convidar para a nossa mesa quem nos pode retribuir!

A finalidade de Jesus não é ensinar truques espertos, mas a verdadeira humildade. Uma humildade desprendida de qualquer pretensão humana ou espiritual, imediata ou futura! Uma humildade desprendida de honras ou recompensas, que não se serve dos pobres, mas que os serve, ama, respeita e acolhe. Amar assim, servindo sem esperar recompensas, é amar e servir ao jeito de Deus. Assim amam os santos. Afinal, amar à imagem de Deus é amar o outro não por ser perfeito ou imperfeito, não por merecer ou não merecer, não porque se espere algo em troca, mas simplesmente porque se ama. Deste amor, gratuito e desprendido, brota a melhor recompensa: tornamo-nos mais semelhantes ao Pai do Céu! Nesta semana em que recordamos o aniversário da morte do Servo de Deus, o Venerável D. João de Oliveira Matos, lembremos estas palavras: “o destino do homem na terra é amar e servir a Jesus…”!

Senhor Jesus, apesar das lembranças constantes e dos esforços que vou fazendo, ainda estou muito longe de viver a humildade a que Tu me chamas. Não deixes que o orgulho, a vaidade, ou a arrogância vençam na minha vida. Dá-me sempre a capacidade de reconhecer as minhas limitações, e de servir e amar os meus irmãos com a humildade desprendida que nos torna semelhantes ao Pai do Céu.
Amén.