Iniciámos, com o evangelista João, um percurso de catequese.

Domingo após Domingo, vamos percebendo melhor o significado da acção de Jesus sobre os pães e do seu ensinamento acerca do Pão da vida. Passámos dos pães ao pão que é a sua Palavra; agora, progressivamente, somos conduzidos ao Pão que é o seu Corpo, à Eucaristia.
A Palavra de Deus e a Sabedoria divina são apresentadas várias vezes no Antigo Testamento através dos símbolos da comida e do pão. Deus alimenta os homens com a sua Palavra. Por isso, o primeiro convite de Jesus é para nos alimentarmos da Palavra de Deus pois só quem ouve O Pai pode ser conduzido ao Filho e tornar-se seu discípulo: “Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim”.
Para além de significar a sua Palavra, o Pão significa também a própria Pessoa de Jesus, o seu Corpo dado em alimento na Eucaristia. Este significado é muito claro na afirmação final do evangelho (e será aprofundado por Jesus nos dois próximos domingos): “E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo”.
Elias, ameaçado de morte, procura fugir de quem o quer matar. Quando parece vencido pelo medo e o desespero, tocando os limites da resistência humana, Deus intervém, oferecendo-lhe comida e bebida. Fortalecido por esse alimento, aquilo que era uma fuga converte-se numa peregrinação. Aquele que fugia da morte, peregrina agora para a vida, para Deus. “Fortalecido com aquele alimento, caminhou até ao monte de Deus”. O pão que alimentou Elias é sombra e imagem do verdadeiro descido do Céu.
Na Eucaristia faz-se presente a carne de Cristo dada pela vida do mundo, o Corpo entregue por todos. Dizer ‘carne’ ou ‘corpo’, é o mesmo que dizer a pessoa, toda a sua vida. No seu corpo entregue voluntariamente à morte, no seu sangue derramado, faz-se visível o amor de Deus pela humanidade. E é deste amor, desta bondade levada ao extremo que nos alimentamos. Tocamos a realidade do convite de Deus: “Saboreai e vede como o Senhor é bom”.
Brevemente, ouviremos Jesus dizer: “Quem Me come viverá por Mim”. Deixemos que estas palavras se prolonguem, como um eco, durante as próximas semanas. Como uma frase que não nos sai da cabeça, alimentemos a nossa oração e reflexão com elas. “Quem Me come viverá por mim”. Quem Me come… Viverá graças a Mim. Viverá de Mim. Viverá para Mim. Não viverá senão para Mim.
O acto da comunhão do Corpo de Cristo, dentro da Missa, implica a atitude de comunhão fora dela. Quem permanece nesse amor e ama os outros a partir dele, viverá eternamente. Ainda no tempo, experimenta a eternidade; ainda na terra, antecipa o Céu.