Vaticano


Durante o encontro que manteve, esta segunda-feira, com os bispos portugueses, no âmbito da sua visita ‘ad Limina’, o Papa manifestou a sua preocupação com a “debandada da juventude” na Igreja.
“Não pode deixar de nos preocupar a todos esta debandada da juventude, que tem lugar precisamente na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos”, assinalou Francisco, no discurso que entregou aos membros do episcopado católico de Portugal. O Papa acrescentou que a Igreja em Portugal, “precisa de jovens capazes de dar resposta a Deus que os chama”, para que volte a haver “famílias cristãs estáveis e fecundas”, “consagrados e consagradas” e “sacerdotes imolados com Cristo pelos seus irmãos e irmãs”.
Lamentou que, em muitos casos, a “proposta de Jesus” apresentada aos mais novos não os convença. “Penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese, esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais difícil se torne encontrá-lo no testemunho de vida do catequista e da comunidade inteira que o envia e sustenta”, alertou. O Papa Francisco recomendou que o processo de catequese passe do “modelo escolar ao catecumenal”, ou seja, “não apenas conhecimentos cerebrais, mas encontro pessoal com Jesus Cristo, vivido em dinâmica vocacional segundo a qual Deus chama e o ser humano responde”.
Durante a intervenção, o Papa mostrou-se alegre por “ver a Igreja em Portugal solidária e solícita com a sorte do seu povo”.
O Papa Francisco disse também: “Dos vossos relatórios quinquenais, pude deduzir, com verdadeira satisfação, que as luzes sobrepujam as sombras: a Igreja que vive em Portugal é uma Igreja serena, guiada pelo bom senso, escutada pela maioria da população e pelas instituições nacionais, embora nem sempre seja seguida a sua voz; o povo português é bom, hospitaleiro, generoso e religioso, ama a paz e quer a justiça; há um episcopado fraternalmente unido; há sacerdotes, preparados espiritual e culturalmente, que desejam dar um testemunho cada vez mais coerente de vida interior realizada de modo evangélico, enquanto enraizada na oração e na caridade; há consagrados e consagradas, que, fiéis ao carisma dos respectivos fundadores, manifestam à sociedade contemporânea o valor perene da sua entrega total a Deus mediante os conselhos evangélicos da pobreza, da castidade e da obediência, e colaboram na pastoral de conjunto de cada uma das Igrejas particulares, segundo as directrizes do documento Mutuae relationes; há leigos que exprimem, com a sua vida no mundo, a presença eficaz da Igreja para a autêntica promoção humana e social da Nação”.