Entre margens da Palavra

0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.

1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Lc 15, 1-3.11-32.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
A proximidade dos pecadores, junto de Jesus, motiva a crítica dos fariseus e escribas. Jesus responde com a parábola de um Pai, rico em misericórdia, que tenta reunir seus filhos.

2. O que me diz Deus
- Analiso e identifico-me com as personagens da parábola. Que experimento?
É o Domingo da alegria, na caminhada da quaresma. A Páscoa aproxima-se, mas o apelo à conversão mantém-se, como um convite a acolher o amor de Deus. Na parábola, Jesus descreve o coração de Deus e a nossa relação com Ele. Por vezes, afasto-me d’Ele, focado noutras “prioridades”. Outras, cumpro deveres, numa “certa proximidade”, mas sem usufruir de Deus como verdadeiro Pai. Ora, é d’Ele que recebo o abraço da misericórdia, autêntica festa para Ele e para mim. Algo a replicar com os outros.

3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, estou sempre de partida, quando meu coração se esgueira e perde, sedento de amor incondicional, fora de Ti. Demoro em entender que só em Ti aprendo, verdadeiramente, a amar. Retardo o meu regresso. Argumento desculpas e razões. Mas sei que me esperas. Essa certeza vence a minha resistência.
Outras vezes, opto pelo seguro: fazer bem o que agrada. Cumpro e obedeço, devota e zelosamente. Persevero, esperançoso no reconhecimento futuro. Mas esqueço de viver, hoje, a proximidade: a tua, junto de mim; a minha, junto dos outros. Deserdo-me de amor e de fraternidade. A tua insistência vence o meu ressentimento.
Senhor, é a partir do teu coração que me redescubro irmão de outros. É na reconciliação que vivo a festa de me saber filho teu.

4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, o teu abraço é abrigo e cura para todas as feridas. Nele me reencontro, conTigo e com os outros. Louvo e contemplo.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.

PROVOCAÇÕES
- Se Deus é Pai, porque me afasto d’Ele?
- Se Deus é Pai, porque espero ser “bem pago” por Ele?
- Sou transmissor de misericórdia ou prefiro murmurar?

UM PENSAMENTO
“Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia.” (Papa Francisco)

UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de nunca recusar o abraço de Deus.

ARQUIVO & PODCAST
https://seminariointerdiocesanosj.pt

UMA ORAÇÃO-POEMA

Do teu abraço me despedi
sem outro querer que ter
como herança a liberdade
esfiada, até findar o futuro,
esquecido deste já presente:
ser filho, tendo-Te por Pai.

Do teu abraço me esquivei
sem outro ter que querer
a virtuosidade do parecer
tão próximo, mas ausente
obediente, mas sem amor,
a um patrão, na vez de Pai.

Perene, esperas e abraças
em festa, este perdido filho
que ressuscitas, por seres Pai.