No seu caminho para Jerusalém,

Jesus continua a centrar atenções na formação dos discípulos. Hoje, quer mostrar-lhes como se devem comportar com aqueles que não fazem parte da comunidade cristã, com os que estão dentro dela mas são mais frágeis e também consigo próprios.
Em primeiro lugar, Jesus corrige o comportamento dos discípulos em relação a quem “não anda connosco”. Pretendem impedir que ‘os de fora’ façam o mesmo que eles e, partindo do exemplo da primeira leitura, depreendemos que também no seu caso esta atitude negativa é motivada por ciúmes. Ora, Jesus considera positivo que alguém se abstenha de fazer mal a Ele e aos discípulos e valoriza todas as boas acções, por pequenas que sejam: “dar a beber um copo de água”. O bem é sempre bem, mesmo quando praticado por quem não pertence à Igreja. E seja ou não um cristão, “não perderá a sua recompensa”.
O resto do ensinamento de Jesus é todo ele sobre o tema do escândalo. Escandalizar significa colocar um obstáculo para fazer cair, levar alguém a pecar, ser ocasião para que outros se afastem de Jesus e do seu caminho.
Aqueles que Jesus chama os “pequeninos que crêem em Mim”, são as pessoas comuns e simples, são sobretudo aquelas com uma fé menos segura, mais vulneráveis perante os maus exemplos dos outros cristãos. Sabemos, com dor, como o carreirismo ou a avareza de padres, a falsidade e a incoerência de vida de muitos baptizados ‘de missa diária’ e tantas outras formas de pecado são, sobretudo aos olhos dos mais jovens, um motivo de descrédito e de abandono da Igreja.
O perigo de um estilo de vida e de um comportamento que seja motivo de escândalo, tanto para os que estão fora como para os pequenos que estão dentro, é algo muito sério. Cortar mãos e pés, deitar fora um olho, naturalmente não são expressões para levar à letra, mas mensagem para levar a sério. Para levar a sério a responsabilidade que temos uns pelos outros, levar a sério a necessidade de cortar o pecado pela raiz (ela não se encontra nas mãos, nos pés ou nos olhos, mas no coração, pois “o que sai do homem é que o torna impuro”).
O último ensinamento de Jesus mostrava que a grandeza de uma pessoa se mede pela capacidade de se colocar ao serviço dos outros, de forma humilde e desinteressada. Na verdade, o maior serviço que podemos prestar a alguém é trabalhar pela sua salvação, é ajudar a entrar no Reino de Deus, na vida eterna. Em nome deste serviço e desta responsabilidade comum, o cristão tem de evitar, até ao sacrifício de si mesmo, tudo aquilo que pode servir de escândalo: o comportamento arrogante para com os não cristãos; o modo escandaloso de falar, de olhar ou de vestir; os ciúmes e rivalidades; o servir-se da Igreja para obter dinheiro ou posição social. Mesmo àquilo que nos pertence e nos é caro temos de ter a coragem de renunciar, sempre que isso ponha em causa a nossa fidelidade a Cristo, nos afaste do Evangelho e não ajude os outros a aproximar-se de Deus.