O quarto Domingo da Páscoa é chamado o Domingo do Bom Pastor porque, todos os anos, neste dia,
a liturgia nos apresenta Jesus como o Pastor que conhece, cuida, guarda e protege as ovelhas do seu rebanho. Neste dia, anualmente, a Igreja portuguesa conclui também a semana de oração pelas vocações de especial consagração. Rezar pelas vocações e celebrar Jesus Cristo como Bom Pastor, é uma oportunidade para recordar que Ele é o único Pastor da Igreja. É Ele que dá a vida pela suas ovelhas, as protege e conduz, que conhece e chama cada uma pelo seu nome. Aqueles que, de entre os membros da Igreja, são chamados a desempenhar uma missão especial, como papa, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, missionários e missionárias, e leigos, são chamados a ser imagens de Cristo Bom Pastor. Nesta crise de identidade sacerdotal e vocacional que atravessamos, de que pastores precisa a Igreja?
O Papa Francisco, na primeira Missa Crismal a que presidiu em Roma, na Quinta-feira Santa de 2013, poucos dias depois da sua eleição papal, introduziu no léxico eclesial uma expressão muito bonita que, aliás, tem repetido noutras ocasiões: ‘os pastores devem ter cheiro a ovelha’! Com estas palavras, Francisco desafiava os pastores a estarem no meio do rebanho. Dito de outra forma, o Papa pedia aos sacerdotes que estivessem no meio do povo, que conhecessem os seus paroquianos, e estivessem junto dos que mais precisam. Este é um desafio constante: encontrar o equilíbrio entre o tempo que se passa no escritório e aquele que se vive na rua; o tempo em que se atende no gabinete paroquial e aquele em que se vai ao encontro das pessoas; o tempo em que se está dentro das igrejas e aquele em que se sai, para encontrar quem já não entra nelas.
Vivemos uma crise de identidade sacerdotal e vocacional. Ela é consequência de um descrédito público que a Igreja atravessa, mas também de uma crise de civilização. No entanto, uma coisa é certa: os cristãos continuam a precisar de pastores que sejam imagem do único Bom Pastor. A Igreja continua a precisar de homens e mulheres comprometidos, corajosos, audazes, desprendidos, generosos, que sejam testemunhas de Jesus Cristo. Nunca será demais lembrar e agradecer aos 5.353 bispos, aos 414.969 sacerdotes, aos 46.312 diáconos, e aos mais de 711.000 religiosos e religiosas que deixaram tudo para seguir Jesus (Anuário Pontifício de 2018). Nunca será demais apresentar aos jovens este caminho de realização vocacional. Nunca será demais pedir ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a Sua seara. Cristo continua a chamar muitos para o Seu serviço. Uma boa forma de O comunicar, seria ter muitos pastores com cheiro a ovelha… e muitas ovelhas com cheiro a pastor…
Senhor Jesus, Bom Pastor, continua hoje a cuidar e a guiar a Tua Igreja. Tu que conheces as tuas ovelhas, chama as que entenderes para esta missão especialíssima de ser imagem do único Bom Pastor, que és Tu! Obrigado por tantos que deixam tudo para te seguir, anunciar e testemunhar. Cuida deles. Fá-los felizes e fiéis à missão que Lhes confias.
Amén.
