A Páscoa é a Festa das festas, porque celebra a Vida em plenitude inaugurada pela Ressurreição de Cristo.

Ora, a celebração do grande Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo envolve para nós o compromisso de lhe ajustarmos, o mais possível, as nossas vidas.Por isso, ao longo de toda a Quaresma, procurámos acolher o convite à conversão que a Palavra de Deus nos faz e responder-lhe, sobretudo através do Sacramento da Reconciliação, renovando, assim, a relação de amor e compromisso com o mesmo Deus, própria de todos os baptizados.A oração mais intensa, o jejum e a partilha fraterna, juntamente com a revisão da nossa vida pessoal diante da Palavra de Deus foram o caminho que procurámos percorrer, ao longo de toda a Quaresma. Agora temos pela frente as celebrações mais significativas e importantes de todo o ano, a começar pelo Domingo de Ramos, continuando na Semana Santa, com o Tríduo Pascal e a Páscoa da Ressurreição.No ano passado, estivemos impedidos de viver estas celebrações em assembleia. Graças a Deus que este ano já temos essa possibilidade, embora com consciência das necessárias restrições e a obrigação de cumprirmos as regras que já conhecemos.Vamos, assim, reviver a entrada solene de Jesus em Jerusalém, aclamado pela multidão como sendo o Messias esperado. Nesse mesmo dia, Domingo de Ramos, a leitura da Paixão dá-nos a entender que Messias era aquele, que a multidão aclamava, mas poucos dias depois já para ele pedia a morte na cruz. Na Quinta-Feira Santa, depois de, da parte da manhã, celebrarmos com os nossos Padres, o grande dom do Sacerdócio, comemoramos, ao fim da tarde, a Instituição da Eucaristia e do mesmo Sacerdócio, na Última Ceia e também o Testamento do Mandamento Novo.A Sexta-Feira Santa é dia de silêncio e contemplação diante do Mistério da Paixão e Morte de Jesus. Esse silêncio e essa contemplação continuam durante todo dia de Sábado Santo, até à Vigília Pascal, em que cantamos o Aleluia da Ressurreição, depois de escutarmos a Palavra de Deus e renovarmos as promessas do nosso Baptismo.A Páscoa convida-nos, assim, a contemplar, por um lado, a beleza da Vida plena inaugurada pela Ressurreição de Cristo e, por outro lado, o percurso que temos de fazer para que toda a nossa existência seja presença e espelho dessa Vida plena.Não vamos ter, ainda este ano, possibilidade de celebrar a Páscoa também com as tradicionais procissões e outras manifestações públicas comemorativas dos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo e suas implicações na vida pessoal e social das pessoas. Por isso, não haverá a Procissão de Enterro do Senhor, nem os tradicionais cantares dos Martírios do Senhor ou outras tradições populares, como é o amentar das almas. Nem haverá a Procissão do Aleluia, na manhã do Domingo de Páscoa, como também não estão autorizadas as visitas pascais, com o beijar da Cruz, de porta em porta. Porém, longe de impedirem ou dificultarem a celebração do Mistério Pascal, essas ausências queremos que sejam oportunidade renovada para concentrarmos mais a nossa atenção e contemplação no Mistério que celebramos.Contamos com a Graça de Deus e com o exemplo e intercessão de Maria Santíssima e de todos os Santos, este ano em particular com S. José, que é para nós modelo de silêncio e de contemplação, de vigilância e dedicação à grande causa que Deus lhe confiou – ser guardião de Jesus e da Sagrada Família.22-3-2021+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda