Vamos iniciar um novo ano litúrgico no próximo domingo, o I Domingo do Advento.

E vivemos este novo ano sob o signo do apelo que o Papa nos faz para experimentarmos a caminhada sinodal.Procura-se que a caminhada sinodal seja, antes de mais, uma experiência de escuta; escuta dos outros, mas sobretudo escuta de Deus que nos fala por Jesus Cristo e a Sua Palavra e nos continua a ensinar pelo Seu Espírito.Deseja-se que seja também oportunidade para todos progredirmos na experiência de tomar a palavra no momento certo e com a liberdade e a coragem que os assuntos e as circunstâncias exigem.Outra preocupação que levamos para esta caminhada sinodal é procurar ver como é que o serviço da autoridade está a ser exercido entre nós e sobretudo como é que estamos a saber conjugá-lo com a participação de toda a comunidade. Na verdade, os processos que devem conduzir às tomadas de decisão precisamos de continuamente os rever e averiguar se estamos a fazer bem o discernimento como ele deve ser feito.Este esforço de revisão de vida que a todos nos é pedido e no qual procuramos estar empenhados, dentro da caminhada sinodal, ganha novo sentido se tivermos na devida conta as recomendações que o Papa nos faz, na encíclica “Frateli tuti” (“Todos irmãos”).Nela e retomando as palavras e as atitudes adotadas pelo santo de Assis, o convite é para progredir no amor sem fronteiras, contra os vícios dos mundos fechados. E na verdade, o mundo em geral só pode ser bom quando incluir projetos válidos para todos, sem que ninguém fique à margem, isto é, seja descartado.De facto, a carta dos direitos humanos ainda não é suficientemente universal. Pelo contrário, constatamos o regresso recorrente de novas escravaturas.Para dar a volta a situações contraditórias como esta e outras, que se multiplicam, infelizmente no nosso mundo, a encíclica propõe-nos o regresso à Parábola do Bom Samaritano; e, a partir dela, começar de novo o caminho do reencontro entre todos, dando a devida atenção a cada um, nas suas situações diferenciadas e sobretudo procurando não deixar ninguém para trás.Este é o caminho do amor sem fronteiras e da fraternidade universal que a encíclica recomenda.Fica-nos bem iniciar o novo ano com este desafio no horizonte para que a nossa caminhada sinodal seja o mais possível verdadeira e as duas maiores preocupações do nosso programa pastoral diocesano para este ano – os jovens e as famílias – cheguem, o mais possível, a bom termo. Na companhia do Evangelho de S. Lucas, vamos tentar fazer o nosso percurso com esperança.22,11.2021+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda