Para vivermos com esperança o novo anoIniciamos no próximo domingo, o I Domingo do Advento,

um novo ano e também a preparação do Natal.Na certeza de que Deus nos acompanha e nos conforta principalmente nos sacramentos e com a Sua Palavra, a partir principalmente da Assembleia do Domingo, queremos viver o novo ano com muita esperança. Isto apesar dos muitos constrangimentos que nos vêm da pandemia, que nos condiciona desde há mais de oito meses e não sabemos quando nos deixará.A Palavra de Deus, particularmente no Tempo do Advento, faz-nos especial convite à vigilância.Ora, nós estamos tanto mais vigilantes quanto mais procurarmos identificar os sinais de Deus que acontecem na vida da Igreja, mas também na sociedade em geral. E é nossa obrigação identificar bem esses sinais para ajustar o mais possível os nossos comportamentos à mensagem que eles nos transmitem para renovação pessoal, das nossas comunidades e das estruturas da própria sociedade enquanto tal.Ora, se, nestes tempos de pandemia, reforçarmos a nossa atenção, olhando para dentro e também para fora da Igreja, descobrimos as muitas crises e outras tantas pandemias que, de facto, afetam e fazem sofrer as pessoas. Usemos, por isso, também este tempo do Advento para identificá-las bem, como sejam a crise da vida, a crise da proteção social, que teima em não dar a devida atenção aos mais vulneráveis; a crise no uso dos bens materiais, que não pode resumir-se, como muito frequentemente acontece, ao ritmo da produção e do consumo, mas tem de saber sujeitar-se à grande prioridade que é o bem total de cada pessoa e o Bem comum; a crise da saúde, a que agora estamos especialmente sensíveis pela conjuntura que nos afeta. Pensemos ainda na crise da solidariedade e da organização do trabalho, na crise da família, como também na incapacidade para dar cumprimento às muitas reformas necessárias, mas sistematicamente adiadas por não haver coragem para arrostar com as dificuldades inerentes, incluindo o seu irrecusável odioso, que necessariamente vai ferir a popularidade de quem as decide e aplica. Todas estas e outras crises têm implicações na vida da sociedade, mas igualmente na da Igreja, incluindo as nossas comunidades.Ora, a vigilância que o Evangelho recomenda obriga-nos a estar atentos a todas elas, que já estão instaladas entre nós há muito tempo, mas agora a pandemia dá-lhes mais visibilidade. E convida-nos a descobrir as novas implicações que elas têm na vida da Igreja e na vida do mundo.A dinâmica sobre a esperança que nos é proposta para a vivência dos domingos do Advento, e bem assim os meios mais tradicionais próprios deste Tempo, como a Coroa do Advento, as novenas da Imaculada e do Natal ou outros podem ajudar-nos a acertar o passo com Jesus, que nos acompanha e nos guia.Este novo ano vai ser muito diferente dos anos anteriores; mas queremos vivê-lo, mesmo nas instabilidades provocadas pela pandemia, com a grande certeza de que Deus está sempre connosco e principalmente no meio das dificuldades.Temos um plano pastoral Diocesano pensado para três anos, de que este ano é o segundo, voltado para o mundo dos jovens e para as famílias.Para este ano, o segundo do triénio, não temos possibilidade de  fazer a habitual calendarização das iniciativas pastorais, com lugares e tempos predefinidos, como em anos anteriores. Mas nem por isso vamos estar menos empenhados em viver e celebrar a Fé, procurando um permanente ajustamento ao que as circunstâncias permitirem ou aconselharem.Contamos com a especial bênção de Deus e a proteção maternal de Maria Santíssima.23.11.2020+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda