Novo ano pastoral

O último ano e meio que acabamos de viver foi, de facto, um tempo diferente, porque muito condicionado pela pandemia, que deixou marcas muito fortes, de tal maneira que a normalidade antiga dificilmente voltará; isto apesar de estar anunciado o fim da obrigatoriedade das máscaras em espaços públicos. Temos, sim, de procurar uma nova normalidade, nas nossas relações e também na nossa acção pastoral.Já aprendemos a conviver com a pandemia e temos a certeza de que ela não vai deixar-nos tão depressa e por inteiro, pelo menos nos tempos mais próximos.Ao longo deste ano e meio, apesar dos períodos mais duros de confinamento, que nos trouxeram alguma perturbação, continuámos a celebrar a nossa Fé, umas vezes em assembleias mais limitadas no número dos participantes, outras vezes com oração e partilha da Palavra em família, outras ainda em que cada um ficou mais entregue a si próprio e, portanto, com mais tempo para repensar a sua vida pessoal.As nossas acções de formação, a começar pela catequese da infância e da adolescência, depois de algum tempo de interrupção, procurámos que elas regressassem, seja em grupos de dimensões mais reduzidas ou em sessões mais espaçadas no tempo, seja através dos meios técnicos de contacto à distância.As relações comunitárias também sofreram e muito ao longo deste tempo de pandemia. Estiveram, de facto, muito condicionadas. Visitar os doentes e os sós, procurar familiares e outras pessoas institucionalizadas tornou-se mais difícil e, às vezes impossível. E isso teve naturais repercussões muito negativas tanto na vida daqueles que não puderam ser visitados como na dos seus familiares e amigos, impedidos de os visitar.Os movimentos de apostolado e outros serviços de apoio à vida das comunidades ressentiram-se naturalmente dos mesmos constrangimentos impostos pela pandemia.E o Papa Francisco, em várias das suas intervenções, referiu-se às diferentes crises que a pandemia introduziu na vida das comunidades cristãs, a começar pela grande instabilidade a que passaram a ficar sujeitas as assembleias dominicais.Esta realidade inesperada, que vivemos ao longo de um ano e meio, felizmente que não nos paralisou e em algumas circunstâncias até motivou ainda mais a nossa criatividade para fazer caminhos alternativos. Por isso, agora queremos olhar o novo ano pastoral com renovada esperança.E temos pela frente três grandes desafios que fazem parte do nosso plano pastoral previsto para os próximos dois anos.Um deles é o cuidado pastoral das nossas famílias, procurando aplicar, o mais possível, as orientações que nos dá a exortação apostólica do Papa Francisco - “A alegria do amor”. A recomendação feita é a de irmos ao encontro de todas as famílias, procurando conhecer a suas situações para depois lhe levarmos a ajuda devida e adaptada. No horizonte está o X Encontro Mundial das Famílias previsto para Roma, no próximo mês de Junho. Queremos, por isso, nesta hora pedir a luz e a força do Espírito Santo para o nosso departamento diocesano da pastoral familiar mas também para todas as equipas de acolhimento e apoio às famílias, que, graças a Deus, temos espalhadas por toda a Diocese, como também para as comunidades cristãs em geral e para as suas organizações intermédias que são os arciprestados.
Outra grande preocupação que nos vai acompanhar ao longo de todo este ano pastoral e do próximo é o cuidado dos nossos jovens, aproveitando, o mais possível, o entusiasmo da caminhada rumo à Jornada Mundial da Juventude calendarizada para agosto de 2023. Temos uma estrutura diocesana nomeada para acompanhar e dinamizar o processo – é o nosso COD. Mas tal não pode significar menos compromisso e empenhamento das comunidades cristãs e dos arciprestados. A passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude pela nossa Diocese, em Março do ano que vem, é oportunidade que queremos aproveitar ao máximo. Também a organização do acolhimento a jovens estrangeiros, nas chamadas pré - jornadas, em que a nossa Diocese quer marcar presença, é outra oportunidade soberana.Por sua vez, o Papa Francisco convida cada Diocese a entrar em caminhada sinodal a partir do próximo dia 17 de Outubro, como forma de participar activamente na preparação da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, cuja sessão final se realizará em Roma, no ano de 2023, sobre a sinodalidade na vida da Igreja. Estaremos atentos ao instrumento de trabalho que nos vai ser enviado juntamente com um manual de procedimentos, durante o mês de Setembro, para serem seguidos em todo este processo de caminhada sinodal.Mas para além destas novidades que, de facto, vão marcar o novo ano pastoral, é ainda mais importante vivermos com intensidade os acontecimentos ordinários da vida das nossas comunidades.Assim, queremos viver ainda com mais vigor as nossas celebrações, a começar pelas das assembleias dominicais.Temos a catequese para organizar e conduzir da melhor maneira, a começar pela catequese da infância e da adolescência, mas também a catequese e formação das famílias e dos adultos em geral. Temos cada vez mais consciência de que, se não envolvermos a famílias e os adultos no processo de catequese dos mais novos, não conseguiremos atingir os resultados esperados. Sobretudo para os adolescentes há um conjunto de propostas novas que pretendem pô-los a caminho rumo à Jornada Mundial da Juventude. E nós vamos procurar entusiasmá-los a seguir por elas. Também os serviços de caridade e a reforçada atenção aos mais carenciados, esses temos de os colocar na linha da frente das nossas preocupações.Por sua vez a atenção devida a cada um, de forma personalizada, com momentos bem definidos e marcados de atendimento, em que os sacerdotes, mas também outras pessoas oferecem a sua disponibilidade para fazer acolhimento a todos, sem excluir ninguém, é da máxima importância. Há condições para regressarmos aos tempos de atendimento para confissão e orientação espiritual de que as pessoas estão a sentir falta. É certo que a possibilidade de celebrar o Sacramento da Reconciliação na forma de absolvição colectiva foi a resposta que encontrámos para superar os constrangimentos da pandemia. Mas o facto é que as pessoas estão desejosas de voltar ao encontro pessoal com o sacerdote e nós vamos procurar, ao longo do novo ano pastoral, responder da melhor maneira também a este seu legítimo desejo.Confiamos ao Senhor o nosso novo ano pastoral e deixemo-nos conduzir por Ele, sempre atentos às sugestões que, de mil maneiras, nos vai fazendo, assim estejamos nós atentos aos Seus sinais.