Em 2019, através da carta apostólica “Aperuit illis”, o Papa Francisco instituiu o Domingo da Palavra de Deus, colocando-o no III Domingo do Tempo comum,
que este ano coincide com o dia 23 de janeiro.Partindo da passagem bíblica em que Jesus aparece aos apóstolos e lhes abre o entendimento para compreensão das Sagradas Escrituras (cf. Lc. 24,45), o Papa deseja que este Domingo possa ajudar as comunidades cristãs a redescobrir o valor e a força da Palavra de Deus na sua vida. De facto, juntamente com a celebração da Eucaristia, a proclamação da Palavra é o momento mais forte e significativo na vida das comunidades cristãs. Por sua vez, precisamos de tornar o mundo da Bíblia cada vez mais familiar a todos os fiéis, para poderem fazer o melhor discernimento nas suas vidas, com a luz da Palavra de Deus, para seu bem pessoal e das comunidades que são as suas.O próprio Papa apresenta também alguns indicadores sobre a forma como este Domingo deve ser celebrado. Assim, convida a que, durante a Eucaristia, a Bíblia seja entronizada para que se torne evidente, aos olhos da Assembleia, o valor normativo da Palavra de Deus e a importância da sua proclamação na Assembleia Cristã. E lembra também a obrigação de cuidar que seja bem proclamada.Importa, portanto, que este Domingo sirva para estimular nos fiéis, nas famílias e no grupos, o hábito da leitura e meditação da Palavra de Deus para desabrochar na “Lectio Divina” com todos os passos e benefícios que ela implica.Por sua vez, a Congregação para o culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em documento posterior publicado no ano seguinte, convida a que na homilia deste Domingo, se explique a importância da Palavra de Deus e do texto sagrado que a contém. Na realidade, a proclamação da Palavra de Deus requere preparação específica, interior e exterior, evitando qualquer tipo de improvisação, nomeadamente no recrutamento dos leitores. Também lembra a necessidade de preparar bem o ambão de onde a Palavra é proclamada, o qual deve revestir a mesma dignidade do altar, pois são as duas mesas onde o mesmo Cristo se oferece aos fiéis. Este Domingo também serve para elucidar sobre a relação que existe entre a Sagrada Escritura e a Liturgia das Horas, motivando, assim, sobretudo para a celebração de Laudes e Vésperas em comunidade.A Palavra de Deus é alimento que não podemos dispensar e este Domingo vem lembrar-nos esta certeza fundamental na vida da Igreja.15.1.2022+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda
