Desde há 30 anos a esta parte que o dia 11 de fevereiro, memória festiva de Nossa Senhora de Lourdes, é o Dia Mundial do Doente.


De facto, a tradição do Santuário de Lourdes está intimamente ligada ao acolhimento e à pastoral dos doentes, também porque muitas curas milagrosas aí aconteceram, ao longo dos tempos, ligadas às aparições de Nossa Senhora a Bernardete, em meados do séc. XIX.
Por sua vez, o Santuário de Fátima quis aprender de Lourdes esta lição e por isso tem tido para com os doentes muitos cuidados, principalmente de duas maneiras, a saber, dando-lhes lugar especial nas grandes peregrinações e programando ao longo do ano vários retiros que lhes são especialmente destinados.
Este ano, na mensagem para o Dia Mundial do Doente, o Papa Francisco cita, em título, a passagem bíblica de S. Lucas que diz – “Sede misericor­diosos como o Pai do Céu é misericordioso” e convida-nos a todos para nos colocarmos ao lado de quem sofre, sempre num caminho de caridade.
Ora, este Dia Mundial do Doente, primeiro que tudo, pede-nos esforço para garantir a todos os doentes os cuidados de saúde de que precisam e ao mesmo tempo também o acompanhamento pastoral que os ajude a viver o tempo da doença unidos a Cristo crucificado e ressuscitado.
Ora, Jesus é a expressão visível e acabada do amor misericordioso de Deus para com os doentes. Daí o lugar que no Seu Ministério têm as muitas curas milagrosas que Ele realizou. E essa mesma atenção particular de Jesus para com os doentes passou para a missão dos Apóstolos, enviados pelo Mestre a anunciar a Boa Nova e a curar os enfermos (Lc. 9,2).
Neste mandato de Jesus e na forma como os apóstolos o interpretaram tem origem o Sacramento da Unção dos Doentes, que precisamos de valorizar cada vez mais, tanto na celebração propriamente dita como na sua preparação.
Para interpretar a misericórdia divina junto de cada irmã ou irmão que sofre são importantes os cuidados médicos e de enfermagem, mas também dos voluntários e de outros cuidadores, nomeadamente os que atuam em nome da Comunidade Cristã. Daí a necessidade de valorizarmos cada vez mais o serviço dos visitadores de doentes, para lhes levar a consolação que só Deus pode dar.
São também importantes para o cuidado dos doentes os lugares de tratamento, como hospitais e outros, que todos desejamos sejam cada vez mais casas de misericórdia.
Precisamos que a Pastoral da Saúde seja uma preocupação de todas as nossas comunidades cristãs, com o empenho determinado daqueles que exercem especiais funções nas capelanias hospitalares. Pois, cada vez mais temos de saber fortalecer as relações entre estas instituições e as comunidades paroquiais, facilitando a passagem de informação nos dois sentidos.
Os doentes esperam de todos nós que os ajudemos a fortalecer a relação com Deus através da luz e força da Sua Palavra e na celebração dos sacra­mentos, sempre com vista ao caminho de crescimento e amadurecimento na Fé, pois, só assim podem transformar a dor e o desconforto que a doença sempre traz em oportunidade de salvação para si mesmos e para os outros.
Neste dia festivo de Nossa Senhora de Lourdes, peçamos a Maria Santíssima, saúde dos enfermos, que ponha o seu manto maternal sobre todos os doentes e assim os ajude a viver a verdadeira união com Cristo, de tal maneira que possam carregar com o sofrimento de todo o mundo e encontrar para ele sempre sentido, consolação e conforto.
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda