Homília do VI Domingo da Páscoa sobre a encíclica ‘Laudato sí’


Na homília da Missa do último Domingo, 17 de Maio, D. Manuel Felício recordou a encíclica do Papa Francisco, ‘Laudato sí’ que “nos transmite a mensagem de que não somos donos de nada, nem mesmo das coisas que chamamos nossas”. E explicou: “Somos administradores de um património comum que o criador colocou na existência para nele sermos acolhidos e dele nos servirmos, com a obrigação de o transmitir, quanto possível enriquecido, às gerações futuras”. Para o Bispo da Guarda “hoje, mais do que nunca, o desafio é grande, pois as formas de intervir neste patrimó­nio, a natureza, têm vindo a ser cada vez mais agressivas, pondo em causa a tal casa comum, para as gerações presentes já e mais ainda para as gerações futuras”.Numa altura em que o mundo vive “uma hora de especial preocu­pação”, confrontado “com um inimigo comum”, D. Manuel Felício lembra que nos é “pedido a todos para ver bem as atitudes que temos de tomar”. Adianta que “é o discernimento no Espírito que há-de levar-nos, de imedi­a­to, a cuidar dos que mais precisam, porque estão doentes ou passam fome ou estão em risco de a passar; porque vivem a despedida dolorosa de familiares falecidos; enfim, porque, retirados da sua vida normal, passam por crises variadas, às vezes a reflectirem-se na vida familiar, com risco de violência doméstica”.Para D. Manuel Felício o “mundo velho, com evidentes sinais de estar a ruir, as­senta numa filosofia de vida balizada” pela pro­du­ção e o consumo. E explica: “O barómetro com que é medido resu­me-se, infelizmente, ao crescimento económico, vulgarmente referenciado ao PIB, mais alto ou mais baixo, a subir ou a descer”.Considera que “o mundo novo” tem outras prioridades, que são, em primeiro lugar, as pessoas e as suas relações, a começar pelas familiares, bem como a evidência de que “vivemos num mundo de recursos inesgotáveis”. Recordou que há cinco anos, meio ano antes da cimeira de Paris sobre o ambiente, o Papa Francisco convidou o mundo todo para a chamada “conversão ecoló­gica”.Para esta conversão, D. Manuel Felício explica que é preciso ter coragem de “renunciar a certas mentalidades e hábitos instalados e, em contrapar­tida, su­bor­dinar os desejos e o prazer imediato dos indivíduos ao bem comum de todos os cidadãos, os actuais e os que estão para vir”. Lembrou a necessidade de abandonar “a atitude orgulhosa muito comum de quem se sente senhor de tudo e substituí-la pela consciência clara de que não somos donos de nada, mas somente adminis­tradores de algumas coisas pertencentes à casa comum”. Na homília, o Bispo da Guarda lembrou a semana nacional da vida, que terminou Domingo.