DOMINGO VI DO TEMPO COMUM


Neste sexto domingo do tempo comum, a Palavra de Deus que nos é dirigida na liturgia, faz-nos refletir sobre as opções vitais e as escolhas que livremente fazemos. Por isso, é na condição de seres livres e amados por Deus, que somos interpelados com os exemplos e ensinamentos da palavra divina.
Assim na primeira leitura, o autor sagrado, coloca no início deste texto a base do apelo à escolha responsável e individual: “Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser-Lhe depende da tua vontade.” (Sir 15, 16) Então é nas opções que fazemos para crescermos como pessoas e pela fé como filhos de Deus, que cada um revelará o caminho que quer seguir e que saberá responsavelmente aceitar as consequências das suas escolhas.
Por isso, nunca poderemos reclamar o direito a livremente fazer opções e depois culparmos alguém, ou o próprio Deus, das consequências das nossas escolhas. Assim, esta primeira leitura prepara-nos para que cumprindo ou desrespeitando os mandamentos de Deus, cada um assuma as suas consequências.
É neste contexto que o Evangelho deste domingo nos apresenta em Cristo Jesus a novidade da visão da lei que tinha sido desvirtuada pelos preceitos humanos: “Ouvistes que foi dito aos antigos… Eu porém, digo-vos”.
Assim em Cristo Jesus encontramos o propósito de levar aos seus ouvintes esta perspetiva de que a Lei não é para ser anulada, mas completada. Ora, se ela era exigente, aos ser bem cumprida, Jesus ainda lhe eleva mais essa exigência, com os exemplos que apresenta, para que possa mudar o espírito do cumprimento legal, para a autenticidade da vivência da lei.
Então aquele que quiser ser autêntico na sua relação com Deus e com o seu semelhante, saberá que Deus nunca lhe faltará com o Seu auxílio e lhe assistirá com o Seu Espírito de discernimento. Por isso, o caminho apontado pelo próprio Senhor Jesus: “A vossa linguagem deve ser: Sim, sim; Não, não,” deva a ser entendido por um apelo à autenticidade e o deixar de lado o farisaísmo que adulterava a visão da lei e a postura das pessoas perante Deus e o seu semelhante.
É esta mesma perspetiva, que São Paulo aponta na sua primeira carta aos Coríntios e refletida neste texto da leitura dominical.
A Sabedoria de Deus que sendo misteriosa e oculta é derramada em cada um na graça batismal e que é a presença do Espírito Santo em nós. Por isso, quando São Paulo fala na sabedoria humana, sabe muito bem por experiência própria que ela é limitada, contendo ainda a possibilidade desastrosa, de se deixar possuir pelo orgulho, desvirtuar o caminho e conduzir ao mal.
Assim é num contexto de liberdade que cada um fará as suas escolhas e que estas são fruto da ponderação, não exclusivamente pela sabedoria humana, mas pelo Espírito de discernimento com que Deus nos assiste com o Seu Espírito Santo.
Que a nossa pertença à comunidade cristã, que a nossa participação na vida da Igreja e que o serviço que prestamos ao próximo, seja o resultado das nossas opções livres e conscientes e que todos nos deixemos iluminar pelos impulsos do Espírito Santo.