O Baptismo foi para Jesus o acontecimento marcante com o qual termina o período da sua vida discreta e escondida em Nazaré e tem início a sua missão e vida pública. Após o Baptismo, João Baptista dá testemunho de Jesus dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus”. Esta declaração provoca uma reacção em cadeia, o surgir dos primeiros discípulos: André, um outro do qual não se diz o nome, e Simão, irmão de André (no dia seguinte serão convidados Filipe e Natanael).


No modo como os primeiros discípulos conhecem Jesus e se tornam seus discípulos, vemos reflectida a própria história da nossa fé e vocação. Podemos dar-nos conta de três momentos: a mediação de alguém: “ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus”; a experiência pessoal: “ficaram com Ele nesse dia”; a descoberta da vocação e de uma missão específica: “chamar-te-ás Cefas”.
André e o outro discípulo conhecem Jesus graças às palavras de João Baptista. Na vida deles como na nossa, há certamente um ‘João Baptista’ graças a quem viemos a ter um primeiro conhecimento de Deus, do Evangelho e da Igreja. Ouvimos falar de Jesus possivelmente aos nossos pais ou avós, ao pároco, a um catequista ou a outras pessoas de que Deus se serviu como instrumentos da sua graça. Por isso, nunca seremos suficientemente gratos aos que nos ajudaram a descobrir o bem mais precioso da nossa vida: a fé no amor de Deus.
Por mais importantes que sejam os outros no processo de transmissão da fé, nada substitui, no entanto, a experiência e a responsabilidade pessoal. Assim os discípulos vão ter com Jesus, encontram-n’O pessoalmente e permanecem com Ele. Antes daquele dia, tratam-n’O como Mestre (“Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?”); depois, reconhecem-n’O como Messias: “Encontrámos o Messias”. Fruto daquele encontro, adquirem um conhecimento mais profundo da pessoa de Jesus.
Para quase todos, uma fé inicial nasceu daquilo que ouvimos dizer a outros. Mas possuir uma fé adulta, uma convicção forte e uma vida comprometida com Cristo e o Evangelho, só é possível a quem faz um caminho de descoberta pessoal de Deus. Iniciamos a nossa vida cristã graças a um qualquer ‘João Baptista’ que nos disse “vinde ouvir o que tenho para vos ensinar sobre Deus”; mas a vida cristã só cresce e se desenvolve mediante a resposta ao convite do próprio Jesus: “Vinde ver”. É o convite a descobrir por nós próprio a verdade.
A terceira etapa da vida cristã é a resposta ao chamamento pessoal que Deus faz a cada um, em ordem a uma missão específica na Igreja. Simão recebeu de Jesus um nome novo, Pedro, indicando com ele a sua missão: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, como lhe dirá mais tarde.
Depois do seu Baptismo, Jesus começou a chamar os primeiros discípulos. Com o nosso Baptismo, Jesus chamou-nos a nós para sermos os seus discípulos neste tempo. Iniciámos um caminho de conhecimento e de seguimento de Cristo, que exige compromisso e empenho na missão da Igreja, de acordo com a vocação de cada um.