Entre margens da Palavra


0. Preparo-meProcuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto- Leio pausadamente Jo 6, 1-15.- Sublinho e anoto o mais significativo.É preciso pão para a multidão. A iniciativa é de Jesus: envolve os discípulos na busca da solução. É a partilha humilde, mas generosa, que permite o consequente milagre.
2. O que me diz Deus- Imagino-me presente, como faminto; depois, como quem partilha. Que sinto? A multiplicação dos pães – único milagre comum aos quatro evangelhos – revela quatro momentos: identificação da carência (multidão com fome); impasse (falta dos meios suficientes); oferta humilde (5 pães e 2 peixes); bênção (Jesus recebe, abençoa e distribui – gestos eucarísticos). Esta dinâmica é aplicável a muitas situações da vida. O desafio é vencer o ceticismo ou falta de generosidade e ousar acreditar que Deus faz muito com o meu pouco. Jesus multiplica o que dou. Quanto Lhe vou entregar?
3. O que digo a Deus- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).Senhor, sou muito bom a identificar e denunciar “males”. Na hora de propor soluções e comprometer-me, meço, calculo e recuo. Não ouso esbanjar o meu pouco tempo, talento, posses... Digo: “não é problema meu”; “quem se mete neles que saia deles”. No final, envergonho-me. Não atuaste assim. Nem é o que esperas de mim.Vieste libertar-me do medo e egoísmo. Daí, incitas-me a acudir aos problemas alheios. Teu coração compassivo continua a pulsar em mim. Hoje, sou teus olhos e ouvidos, mas também teus pés e mãos. Ainda que limitado, perante tantas fomes e dor, dizes-me que confie. Bastam-Te a minha pobreza e serviço. Deles, recebes o que eu decidir partilhar. Dás graças, por mim e por Ti. E, por fim, distribuis o que o teu amor multiplica. Juntos, sempre que o amor vence, a Eucaristia acontece… de novo. Amen.
4. O que a Palavra faz em mim- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.Senhor, a Eucaristia começa na escuta da fome do irmão, tal como o fazes comigo. Assim se celebra a comunhão e fraternidade. ConTigo, agradeço, louvo e contemplo. Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES- Sou indiferente ou sensível à carência dos outros?- Diante dos desafios, desisto ou arrisco o possível?- Posso receber Cristo na missa sem comungá-l’O nos irmãos que sofrem?
UM PENSAMENTO“Deus não faz o milagre a partir do nada, mas a partir do que damos.” (Nuno Tovar de Lemos)
UM DESAFIOPedir ao Espírito Santo a graça de partilhar o que sou e tenho.
ARQUIVOhttps://seminariointerdiocesanosj.pt
UMA ORAÇÃO-POEMA
Toma em tuas mãoseste meu pouco quase nadaque mal me chega,regateado ao calculista receiode orgulhosa covardia embebido.
Dás graças, ainda assimdesta mal-amanhada oferta.De mim, não esperas pão,apenas o fermento de um sim.Teu amor multiplicá-lo-á de vida.
Parte e reparte, entãoesta réstia de mim, resguardadatornada sacramento e sustentopara a fome de todo o irmão,saciando de amor sequiosos entes.