Celebramos no IV Domingo do Tempo Pascal o Dia mundial de Oração pelas Vocações. Falar de vocação, na Igreja, é afirmar a certeza de que cada filho de Deus é chamado por Deus a uma determinada missão, dentro da Igreja, em favor dos irmãos. Descobrir a vocação é descobrir o sentido da vida, a razão pela qual existimos.


Jesus fala de Si mesmo comparando-Se com um pastor: “Eu sou o Bom Pastor”. E como Pastor, tem duas características que o distinguem de outros “pastores”: só Ele dá a vida pelas suas ovelhas e conhece cada uma pelo seu nome. Conhece e ama.
Temos bem presente como Jesus, de verdade, deu a vida por nós. E uma vez que Ele conhece cada um pelo seu nome, acreditamos que o amor que O levou a dar a vida é um amor pessoal, ao ponto que cada um pode dizer: Jesus conhece-me, importa-se comigo, por mim deu a vida.
Temos também guardada no coração aquela parábola em que Jesus fala do pastor que possuía cem ovelhas e, tendo perdido uma, deixou as noventa e nove e foi procurar a que andava perdida. É outro modo de dizer que para Deus cada um é especial, que Deus se importa e tem cuidado por cada filho. O que acontece na minha vida faz Deus sair de Si para me procurar e pôr aos ombros; nada do que me acontece Lhe é indiferente. Ele está disposto a morrer só para nos fazer viver.
Depois de descrever a sua relação connosco, Jesus mostra como espera que seja a nossa relação com Ele: “as minhas ovelhas conhecem-Me… ouvirão a minha voz”. Entre mil vozes, a ovelha sabe distinguir a do pastor, porque o conhece, sabe que pode confiar nele e deixar-se conduzir.
Para um cristão, a voz de Jesus tem de ser uma voz familiar. Conhece-nos e conhecemo-l’O. Reconhecemos n’Ele o Pastor que por nós deu a vida, o único, por isso, a quem podemos confiar a própria vida, com total confiança.
Faz sentido rezar pelas vocações e, sobretudo, renovar a consciência da nossa própria vocação, partindo das grandes certezas que o evangelho nos faz contemplar: Jesus conhece-me, importa-se comigo, procura-me, encontrando-me alegra-se, dá a vida por mim e, fazendo-o, mostra a minha vocação: dar a vida pelos outros.
Jesus diz que recebeu um mandamento do Pai e que em total liberdade o cumpre: “Ninguém me tira a vida, sou Eu que a dou espontaneamente”. De Jesus, também nós recebemos um mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.
Rezemos para que na Igreja haja a coragem de nunca sobrepor outros mandamentos a este. E para que cada cristão, reconhecendo o chamamento universal ao amor e à santidade, imitando o Bom Pastor, escutando a sua voz, encontre a sua vocação específica: no matrimónio, no sacerdócio, na vida missionária, de especial consagração ou em outro caminho.