DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM


A liturgia da Palavra deste XXII domingo comum, leva-nos a refletir sobre a missão que cada um tem, segundo a vocação que vive. A missão que advém da vocação batismal ou a missão que vem de uma vocação de consagração. 
O exemplo de Jeremias e o exemplo de Jesus são paradigmáticos e o apelo de São Paulo a viverem a sua missão, todos os que vivem a fé cristã. 
Jeremias na Primeira leitura partilha a forma como foi chamado para a missão de profeta e o sofrimento que vive quando esta missão implica denunciar os caminhos errados do povo, as injustiças feitas aos mais pobres e a corrupção que existia. Ser profeta implicava denunciar o mal e fazer com que a mudança para melhor acontecesse, senão seriam castigados, destruídos e aniquilados segundo a Palavra de Deus. Mas quando pensava em desistir da sua missão, que lhe trazia sofrimento, havia algo dentro dele que não o deixava desistir. 
Assim, a missão profética de Jeremias era tremenda, já que o Senhor Deus o enviava a denunciar as situações que implicavam a mudança ou a destruição, sabendo que quem vivia nesses caminhos não aceitava ser denunciado, procurando calar, descredibilizar e até aniquilar quem denunciava.
Por isso Jeremias sentia o sofrimento que advinha da sua missão, um sofrimento tão grande que o levava a querer desistir, mas interiormente era impelido a continuar, sendo a voz dos injustiçados, dos pobres e dos mais fracos.
Jesus no evangelho diz aos seus discípulos que vai ser escarnecido, e maltratado, vai ser morto, mas ressuscitará, resumia nestas palavras a missão que o Pai Lhe tinha confiado.
A Missão de Jesus, Redentora e Salvífica, implicava o sofrimento e a morte, para que pela Ressurreição fosse consumada. Assim ao explicar aos discípulos os passos que daria, para levar até ao fim a Sua missão; Pedro, assumindo os impulsos humanos de rejeitar o sofrimento e a morte, é duramente lembrado que as coisas de Deus estão acima das coisas dos homens.
À contestação de Pedro, Ele esclarece, quem quiser ser Seu discípulo tem de aceitar a sua cruz e assumi-la ao longo da vida.
Só assim o Homem assumirá a missão que Jesus, o Mestre, Lhe confia e receberá o que tiver de receber, segundo as suas obras. 
As palavras duras de Jesus continuam hoje a ter a sua atualidade e a ser ditas a nós que temos a responsabilidade de apontar O Caminho da Salvação, segundo a vontade de Deus e não segundo a vontade dos homens.
São Paulo na segunda leitura apela aos cristãos de Roma que sigam o caminho da sua missão de discípulos, isto é, de cristãos, pela sua renovação pessoal e assim contribuírem para a renovação da comunidade.
Este apelo, continua hoje bem atual, já que em Igreja, a nossa participação individual enriquece ou destrói a renovação comunitária. Assim, todo o esforço de caminho sinodal que se faça na Igreja, implica todos, na Comunhão, Participação e Missão, sendo que cada um, na sua missão, tem de assumir que a opinião de todos é importante para que o caminho de renovação seja frutuoso.
A renovação espiritual que implica sempre “o saber discernir segundo a vontade de Deus, o que é Bom, o que Lhe é Agradável, o que é Perfeito.”