Os números dos Censos não deixam dúvidas e os resultados da noite eleitoral do último Domingo

também confirmaram a triste realidade do despovoamento das terras do interior. A região da Guarda tem cada vez menos gente e cada vez mais envelhecida.Se caminharmos para as zonas rurais desta região damos conta do clamor da terra vazia, esquecida e abandonada. Ao longo das últimas décadas assistimos ao esvaziamento e enceramento das escolas, postos de saúde, correios e à fuga desmedida dos residentes mais novos para outras paragens, onde têm acesso a estes e outros serviços essenciais para uma vida com o mínimo de qualidade. O desinvestimento no sector primário e a falta de alternativas está a ditar a morte, cada vez mais apressada não só de lugares, mas também de tradições imemoriais.A massificação veio para ficar. Mesmo por aqui, as grandes cadeias de comida rápida já começam a roubar os cheiros e sabores do amanteigado queijo Serra da Estrela, da morcela ou farinheira da Guarda.Também nestas e noutras vertentes, esta zona de terra vazia está a perder a sua identidade.Mas o isolamento, a que a grande maioria dos lugares já estava sujeito, acentuou-se ainda mais com a pandemia. Foram dias, semanas e meses, longe de familiares e amigos, sem os encontros habituais.Foi e ainda é um tempo diferente em que o medo tomou conta, mesmo dos lugares mais recônditos. A proximidade tornou-se virtual. Inventaram-se formas de uma nova presença. A campanha eleitoral, com denúncias e promessas também passou muito por estas novas formas de comunicar e estar presente.  Contados que estão os votos, com apuramento de vencedores e vencidos, o importante, agora, é olhar em frente e dar um novo impulso a esta terra vazia. Os novos nómadas digitais podem ajudar a inverter a tendência do abandono destes lugares.Há por aqui muita qualidade de vida, paisagens deslumbrantes, muitas casas a precisar de quem as recupere e habite, muitas ruas e calçadas à espera de serem pisadas e vividas.O futuro é agora, ‘vamos ao trabalho!”.