Fechava-se o Jubileu Extraordinário da Misericórdia e o Papa Francisco

considerava que os frutos deste acontecimento deveriam perdurar na vida dos cristãos. Por isso, publicou uma Carta Apostólica na qual lembrava os benefícios deste ano de graça, e dominado pelos sentimentos vividos no ‘Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente’ enviou, sem deixar terminar o ano jubilar, uma Carta Apostólica onde se refere à diligência desvelada a ter para o futuro, a fim de prosseguir com este sentimento concretizado em acções, pelos anos adiante.
Escreve: “À luz do “Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente, celebrado quando já se iam fechando as Portas da Misericórdia em todas as catedrais e santuários do mundo, intuí que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo Extraordinário, se deve celebrar em toda a Igreja, na ocorrência do XXXIII domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres”.
E, ao mesmo tempo, acrescenta, se for digna preparação para viver a solenidade de Cristo Rei do Universo que nos há-de julgar sobre a misericórdia. Como será bom.
Já havia apontado, ao terminar a homília da missa celebrada, no domingo dia 13 de Novembro, que há duas realidades preciosas que permanecem: Deus e o próximo, pois são os maiores bens a amar.
E recordou a história bem antiga atribuída a São Lourenço que, induzido pelo juiz a trazer-lhe os tesouros da Igreja de que ele como diácono era o ecónomo, apareceu com um grande número de pobres e apresentou-os: “Aqui estão as riquezas da Igreja”, pois era com eles que consumia as esmolas recebidas.
“Que o Senhor nos conceda a graça de olhar sem medo para aquilo que conta: dirigir o coração para Ele e para os nossos verdadeiros tesouros” – foi prosseguindo, acrescentando ainda a expressão de Jesus: “Virá o dia em que de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra”.
Hoje, a situação dos indigentes e de suas famílias cujos recursos económicos lhes não permitem satisfazer a um mínimo de necessidades compatível com um dado grau da civilização, torna-se demasiado difícil determinar quem são os pobres do nosso meio e do nosso tempo, uma vez que os critérios não se aplicam de igual maneira a todos os ambientes.
Alguns pobres de agora, se formos a compará-los com ambientes económicos de há séculos, seriam ricos ou pelo menos remediados, sobretudo se a nossa bitola não fosse muito rígida pois, também se deve olhar para as origens da pobreza nascidas por aí: desperdício, falta de poupança, má sorte na vida...
Também na classe instável, se formos comparar os modos de viver de todas as populações dispersas pelo mundo, uns vivendo frugalmente, outros com vizinhança demasiado endinheirada, nem saberíamos determinar os indigentes ou miseráveis. Tivessem os homens do século vigésimo antes de Cristo um lugar onde pernoitar, como alguns animais da gente de agora...
Segundo a história do cristianismo, desde as épocas apostólicas, olhou-se com atenção para os desafortunados, seguindo a reflexão sobre as palavras do Senhor “Pobres sempre os tereis”.
Mesmo, no Antigo Testamento, olhava-se com um certo apreço para os miseráveis, a quem se ia ajudando com o pouco que se possuía.
A fraternidade querida e instaurada por Jesus, levou os seus discípulos a tratarem os necessitados com carinho e cuidado, pois se repetia constantemente quer nas reuniões catequéticas, quer nas homilias das assembleias sacramentais “O que fizestes ao mais pequeno dos meus a Mim o fizestes”.
Já na carta de São Tiago se escreveu: “Se um irmão ou irmã estiverem nus, se lhes faltar a comida quotidiana e um de vós lhe disser: ‘Vai em paz, aquece-te, sacia-te’, sem lhe dar o que é necessário ao seu corpo, de que lhe servirá isso? Assim a fé sem obras é morta”.
Mas nas obras de misericórdia se inscrevem também os auxílios que devemos aos outros na ordem espiritual. Já que todos necessitamos dos bens espirituais para vivermos na paz e irmos para o céu.
Se for instituído o Dia do pobre e fielmente cumprido, nascerá um mundo novo!