No Domingo seguinte à primeira lua cheia da Primavera, no hemisfério Norte, ou início do Outono, no hemisfério Sul, o calendário cristão assinala a Páscoa, a festa de todas as festas.

 Depois de um tempo de silêncio, meditação, jejum e caridade, tem lugar a mais importantes das festas cristãs, que assinala a ressurreição de Cristo.Na região da Guarda, a Páscoa também é conhecida como a Festa das Flores, uma vez que acontece quando a natureza começa, novamente, a despertar do sono profundo do Inverno. É a vida que renasce e floresce com alegria e esperança. O povo simples ensina-nos que “depois do Inverno vem a Primavera” e o povo da Fé acrescenta que “depois da Cruz vem a Ressurreição”. Há poucos dias, o papa Francisco exclamava que “Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Experimenta os nossos piores estados de ânimo: o falhanço, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, redime-as e transforma-as”.O povo das nossas aldeias continua a lembrar a subida de Jesus à cruz, em tantas manifestações tradicionais de fé. Não tivesse sido o confinamento provocado por uma pandemia que não dá tréguas e, nas últimas semanas, o silêncio das aldeias quase despovoadas, teria sido quebrado pelo amentar das almas e o canto dos Martírios. Num ou noutro lugar as Procissões dos Passos e do Enterro do Senhor teriam atraído grandes multidões. Este ano, ainda não foi possível exteriorizar sentimentos e tradições que começam a ficar cada vez mais esquecidas. Numa região de terra vazia, o confinamento ainda veio trazer mais silêncio ao já silencioso tempo da Quaresma e da Semana Santa.Que a Páscoa da Ressurreição seja o pronúncio de melhores dias.