É bem antigo o problema do descanso para a humanidade que tanto se molesta nos duros trabalhos da vida.


Logo no início da Escritura, encontramos várias perspectivas para este tema. “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no parque do Èden, para que o guardasse e o cultivasse” – é a primeira visão do agir onde não se divisa nem o cansaço nem o enfado. “Com o suor da tua fronte comerás o pão, até que voltes à terra, porque dela te tiraram; pois és pó e ao pó voltarás” – é outro aspecto no qual se mostra o esgotamento e a fadiga surgidos da desobediência a Deus.
Desde então, a debilidade humana tem de restabelecer as suas forças, conforme o prescreve a Lei: “Durante seis dias farás os teus trabalhos, mas descansarás no sétimo dia, para que o teu touro e o teu asno repousem, e o filho da tua escrava e o migrante se refaçam”.
A própria natureza – recordemos que os trabalhos mais esgotantes se fazem apenas numa época do ano – nos conduz a temporadas de quietude e sossego. Como, hoje, as condições laborais em muito se modificaram, a lei antiga, que ao princípio nada tinha de religioso, foi-se adaptando às necessidades e aos tempos. Eis-nos que, quase por toda a parte, se foi impondo a norma das férias em ordem ao restabelecimento das forças tanto corporais como psíquicas.
Conhecendo estas disposições já vigentes quase universalmente, os Padres do Concílio Vaticano II inseriram, num dos seus documentos, a menção seguinte: “Os tempos livres sejam empregados para descanso do espírito e saúde da alma e do corpo, ora com actividades e estudos livremente escolhidos, ora com viagens a outras regiões (turismo), com as quais se educa o espírito e os homens se enriquecem com o conhecimento mútuo, ora também com exercícios e manifestações desportivas, que contribuem para manter o equilíbrio psíquico, mesmo na comunidade, e para restabelecer relações fraternas entre os homens de todas as condições e nações ou de raças diversas”.
Este tempo extra pode ser aproveitado para satisfazer outras necessidades e privações que vão invadindo, modernamente, a atmosfera do nosso viver social e até pessoal.
Os psicólogos modernos apontando já a falta de tempo para, no complexo apressado e discorde frenesi recente, perturbador do tão necessário relacionamento doméstico, se partilharem os planos, as ideias, os projectos e até os sentimentos recíprocos, começam a recomendar formas de passar os dias de férias no restabelecer o equilíbrio não só individual mas até nas comunidades principiando pela família.
Também, por aí, sobretudo nos folhetos ou páginas de jornais e revistas, se apregoam  actividades de repouso para ajudar a restabelecer a harmonia, a amizade e a paz quando não a formação tanto no campo psíquico como espiritual, a fim de melhor se estruturar o desenvolvimento do crescer constante através da camaradagem, encontros e reuniões, e assim se programar mias correctamente a ascensão vital de cada um.
Estes dinamismos podem exprimir um tesouro a não desperdiçar, uma graça a não perder.
Embora estes exemplos não sejam exaustivos podem ser acrescentados outros mais para refazer os nossos anseios e necessidades em ordem a perspectivas do futuro.
Não se devem esquecer outras diferentes actividades que podem dar-nos uma experiência forte e duradoura para o nosso viver como se está verificando em tão numerosos campos: de estudos, de desportos, de escolas de militância, de voluntariado, de muitas organizações já estabelecidas entre nós, de enorme concorrência de tais coisas que, por serem interessantes, não custarão muito a efectuar.
Conhecemos grandes e valiosos trabalhos realizados em tempos de férias mormente livros de toda a espécie e até obras de arte que se multiplicaram pelo mundo fora.
Fica-nos assim a tarefa de aproveitarmos a liberdade, concedida por não termos grandes obrigações, para realizarmos tantos trabalhos que podem ser interessantes e úteis para a humanidade.
Também será forma reconfortante de passar as férias sem nada fazer além de escutar ou servir outras pessoas talvez bastante isoladas, sem arrimo de ninguém, a carecerem apenas de uma companhia que as oiça ou as reconforte com a sua presença.
Entre as pessoas que sofrem na solidão, podemos lembrar para além dos velhinhos e doentes abandonados em suas casas, tanto os lares que albergam crianças como os hospícios que acolhem idosos.
Não haverá razão para nos encerrarmos no nosso isolamento sem experimentarmos o quanto a vida de convívio nos pode trazer de alegria, de conhecimentos, de camaradagem agradável e proveitosa...
Mas será sobretudo o tempo da convivência familiar sobretudo para quantos, durante as épocas do trabalho mal têm ocasião de se verem para além das refeições, a garantir maior concórdia, harmonia e ajustamento familiar.