A sede insaciável da humana curiosidade impulsionou o homem a descobrir e explorar o seu ambiente.

E à medida que ia adquirindo o conhecimento de tantas realidades, aumentava a ânsia de mais inquirir, pois talvez existissem muitos valores ignorados.
Compreendemos assim o afã das classes poderosas e ricas de vaguear pela terra além e encontrarem não apenas paisagens deslumbrantes mas ainda costumes e gentes bem diversas cuja vida e procedimentos mereciam ser copiados. Centenas de anos se caminhou para regiões com monumentos e belezas admiráveis, com temperaturas e fenómenos diferentes.
Só, quando as vias romanas se arruinaram e os viajantes se pressentiam ameaçados pelas quadrilhas dos ladrões, cessou esta agradável e aprazível movimentação.
Mis tarde, já na Idade Média, surgiram multidões de peregrinos, de bordão na mão, impulsionados pelo fervor religioso, a demandarem a Terra Santa ou a recolherem-se no santuário de Compostela.
Após a Renascença, sobrevieram os tempos das escavações arqueológicas e a ânsia de descobrir obras de arte levou bastante gente a percorrer caminhos desconhecidos, em busca de tesouros. Depois, sobretudo na Inglaterra, com a profusão dos coches, espalha-se o hábito de sobretudo os filhos de gente endinheirada se instruírem com a descoberta das raridades espalhadas pela terra inteira, mesmo que, para tanto, houvessem de atravessar mares e oceanos.
Terminada a segunda guerra mundial, o turismo foi-se tornando uma indústria e hoje é o que se vê. Não apenas no verão mas também no inverno, para mudarem de ares, para sossegarem tranquilamente, treinarem com jogos desportivos ou darem largas aos próprios gostos: subir serras, esquiar em montanhas ou banhar-se nos mares, eis verdadeiras multidões a procurarem terras estranhas.
Perante tal fenómeno, as entidades públicas, os homens ávidos de enriquecer e a mesma Igreja começaram a dar indicações para que se favoreçam tais hábitos e se obtenha deles o maior proveito possível, nas mais diferentes áreas do viver humano.
Já o Concílio Vaticano II fala do turismo como meio de alcançar o descanso do espírito, a saúde da alma e do corpo, o pleno conhecimento da terra inteira e de suas gentes, estabelecendo relações fraternas entre pessoas e colectividades e criando laços de amizade e concórdia, num intercâmbio benevolente e aprazível que partilhe saberes, hábitos, experiências, praxes, usos e até práticas religiosas.
Deste modo, o mundo pode fazer-se mais humano, mais cordial, agregado e cooperante.
Seguindo na esteira dos anos anteriores, o Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes publicou a sua Mensagem para o Dia Mundial do Turismo de 2014, a celebrar no próximo dia 27, sob o tema “Turismo e Desenvolvimento Comunitário”.
Encetando tal documento com a citação da Organização Mundial do Turismo; “As populações locais serão participantes das actividades turísticas e compartilharão de modo equitativo os seus benefícios económicos, sociais e culturais, em particular no que diz respeito à criação directa e indirecta de emprego”, projecta-se para os aspectos do desenvolvimento humano integral, “sempre a promover todos os homens e todo o homem”, enumerando os âmbitos económico, social e ambiental.
As notícias têm vindo a informar quanto dinheiro entra no erário de muitas nações, também no nosso,  reduzindo, deste forma, os níveis de pobreza, sobretudo nas áreas menos desenvolvidas.
Porque leva muita gente a trabalhar, a instruir-se, a precisar da produção dos outros, em áreas bem diversificadas, já que os serviços turísticos envolvem pessoas de distintos ofícios e operacionalidades: agentes de viagens, empresas transportadoras, guias, hoteleiros, para não especificar mais, torna-se necessário repartir tais funções sobretudo pelos menos afortunados, evitando o perigo de entregar a execução de tão diferenciadas obras só a grupos determinados, arredando os mais indigentes, já que a justiça social nos incentiva a tornar participantes da economia todos os membros da sociedade inteira.
Agir através da comunidade, tornando-a responsável e solidária com tudo, desde o arranjo das coisas mais simples como as ruas e caminhos, passando pela limpeza das povoações, para tornar o ambiente mais higiénico e salubre, fomentando a ordem e o respeito recíprocos, pois o destino turístico compreende também a civilização, a cultura bem explanadas até nos pormenores da vida.
Não se pode denegrir o património natural, mas sim valorizá-lo, não apenas no presente mas ainda para o futuro, conservando principalmente o típico e peculiar das gentes e do ambiente climatérico e geográfico.
Nas nossas terras portuguesas, ocupam, pela sua dimensão e arte, lugar proeminente os monumentos religiosos tanto na sua grandeza como na sua simplicidade. Necessário se torna conservá-los com esmero e cuidado, para que suas propriedades se volvam à sua finalidades e, deste modo, elevem as almas para Deus.
Mui importante aparece a ‘pastoral da amabilidade’, neste documento, inculcando o que aliás é do espírito português, a abertura, a fraternidade e o acolhimento hospitaleiros, dentro da simplicidade humilde e da espontaneidade da nossa população.
Um ror de actividades esperam quantos se dedicam a estas tarefas. Assim haja dedicação e vontade de bem trabalhar, para nos ajudarmos no desenvolvimento e progresso possíveis.