Célula da sociedade, a família, fonte da vida humana e itinerário do seu crescimento, para além de ser raiz e seiva desta humanidade

que se alonga e prolonga em nós e através de nós, nas diferentes expressões dos seus diversos progressos e aperfeiçoamentos, aí está como origem do nosso ser e meio de salvaguardar a nossa existência e dirigi-la à sua plenitude.
Mas não é apenas o aspecto humano natural que precisa de família para se desenvolver. Em qualquer homem, também a componente espiritual, olhada tanto na sua forma individuada quanto colectiva, precisa, para o seu desenvolvimento seguro e perfeito, do apoio e assistência cooperantes dos indivíduos que fazem o ambiente de cada um. Só deste modo se formará a atmosfera ambiental tão necessária para formar um indivíduo que receberá a ajuda dos outros como a irá prestando, no decorrer do seu existir, aos demais que formarem a sociedade do seu redor.
No aspecto religioso outro tanto acontece. Corroborado pelas virtudes dos mais próximos, o desenvolvimento das virtudes de cada individuo não se realizará tão somente pelo esforço pessoal vivido e realizado no empenho de cada um, mas é coadjuvado pela atmosfera do ambiente.
A sociedade não fica ausente no auxílio recebido por cada qual.
Assim sendo, ao comemorarmos a semana dos seminários, temos de reparar em tudo quanto é obrigação pessoal do futuro padre, sem esquecer a responsabilidade havida no conjunto de quantos, mesmo sem grande intenção, foram colaboradores do mesmo labor e cuidado.
Se o ambiente da educação se inicia na família, também aí se tem de desenvolver até à plenitude. Daqui, a responsabilidade comum não apenas dos lares onde os vocacionados crescem mas ainda das comunidades religiosas e formativas onde estará inserido todo e qualquer candidato às sagradas ordens.
Desde o concílio de Trento, a cristandade habituou-se a olhar para os seminários como lugares eleitos e apropriados no plano da formação própria: humana, intelectual e religiosa. E, se hoje, as vocações ao sacerdócio se sentem diminuir, nesta Europa à qual pertencemos, forçoso se torna chamar à responsabilidade o povo cristão para que, cada um dos seus membros, segundo a sua capacidade, ocupe o seu lugar e saiba quanto lhe compete para que aos cristãos a vir não faltem o apoio e o esteio para a sua existência espiritual e cristã.
Se o sacerdote tem de viver e actuar, tomando sobre si o testemunho e aceno de Cristo, haverá de assemelhar-se a Ele na plenitude do seu proceder. Para tanto, há-de revestir-se da força, do exemplo, dos gestos e modos de Jesus, formando-se segundo o seu coração, conforme as suas palavras e copiando seus modos e gestos. Para isto, é forçoso um treino largo e profundo que exige um tempo de formatura
Porque é maravilhosa, a vocação sacerdotal, necessita o candidato às ordens ser bem preparado através de experiências de cultura, de educação social, de habilitação doutrinal, e sobretudo de conformidade com o Senhor Jesus cujo ministério vai assumir. Por entre hábitos e costumes nem sempre muito cristãos, como os que se vivem nos tempos hodiernos, tem de ser entre as pessoas de hoje, sinal de contradição, homem forte na fé, alegre na esperança e abrasado na caridade.
Vivendo numa sociedade a quem deve servir, tem de conhecer as questões humanas mais manifestas neste tempo, sem poder fechar-se no seu presbitério como se fosse um monge ou um anacoreta. Tem de fazer-se perito em comunicação para compreender os problemas dos homens, a fim de os ajudar a resolver.
A vida consagrada na totalidade, sem deixar reservar o coração para outros interesses ou fortunas, torna-se cada vez mais exigente. Só desse modo se apontará o caminho da glória eterna e o sacrifício necessário para o percorrer, pois até Jesus não esqueceu de indigitar a abnegação semelhante à d’Ele para se entrar na glória: “Quem quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”.
Discernir os espíritos é questão muito delicada a exigir a consideração individual de cada pessoa que, além disso, deve ser ajudada no seu trabalho por quem saiba ler pelos sinais da vida e pela índole natural e sobrenatural a vocação do cristão que se julga chamado por Deus ao sacerdócio.
É norma comum preparar o candidato à vida sacerdotal, na vivência comunitária, numa postura onde se coabite num ambiente de comunidade, em recíproca ajud, onde se formem nos hábitos próprios da convivência cristã própria de um discípulo fiel a Jesus Cristo.