Quadragésima

Esta quarta-feira, dia de cinzas, teve início um novo ciclo que termina na Páscoa da Ressureição. Se o Entrudo convida à brincadeira e à diversão, a Quaresma aparece como um tempo mais sereno, calmo e propício à reflexão. Entramos na Quadragésima, o período de quarenta dias de preparação para a Páscoa, que entre o povo simples ainda tem marcas de grande religiosidade popular. É o tempo de olhar o sagrado de uma forma profunda e simples, traduzido em tantas expressões seculares de fé. Dizem que são tradições e costumes dos mais velhos e que vão desaparecer com o tempo, mas, mesmo agora, ainda há quem teime em mantê-las vivas e presentes nas comunidades.Este ano, a Quadragésima – Ciclo de Tradições da Quaresma e Semana Santa, abraçado há alguns anos pelo município do Fundão, alarga território e envolve os concelhos de Belmonte, Covilhã, Guarda e Sabugal.Os promotores falam de um ciclo de turismo religioso, dedicado ao teatro, às artes, à música e às tradições do sagrado. A iniciativa apresentada em formato de agenda “fomenta a redescoberta das tradições religiosas do território, tanto nas formas populares (festas, procissões e representações sacras), como nas formas mais eruditas (dramas litúrgicos, sermões medievais, antigas orações) e divulga o património artístico local”.A Quadragésima pretende combinar o espírito de recolhimento com actos cerimoniais, criações artísticas, concertos e exposições que geram experiências místicas, vividas tanto por quem cria como por quem contempla.Também este ano, na calada da noite, no tempo da Quaresma, nas aldeias, hão-de voltar a ouvir-se os cânticos soturnos e alongados, tradicionalmente conhecidos por “Encomendação das Almas” e “Martírios”, mesmo longe de uma programação definida e organizada.