Hoje, mais do que nunca, vivemos numa autêntica aldeia global com a humanidade cada vez mais unificada e uniformizada pelo mundo das comunicações.

Este primeiro areópago dos tempos modernos tem a facilidade de abraçar o mundo em segundos, influenciando principalmente as novas gerações. Os meios de comunicação e as redes sociais alcançaram tamanha importância que são, para uma maioria considerável, o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Cresce, a olhos vistos, o sentimento de perda de identidade a todos os níveis. Desde há uns tempos a esta parte que se perdeu o conceito do genuíno e do exclusivo, tanto a nível linguístico, como cultural, arquitectónico e até mesmo gastronómico. 
Vem isto a propósito da última edição do Festival RTP da Canção em que saiu vencedora a canção Love is on My Side do grupo The Black Mamba. Já houve quem tivesse questionado “como é possível Portugal ser representado por uma música em inglês”.Nesta aldeia global, em que tudo é permitido, nunca podemos esquecer que a língua é a nossa Pátria. Partindo deste pressuposto, não podemos renegar o que nos distingue e define como povo, como nação e a nossa língua, por enquanto, é o português. Quando dizem que Portugal está na moda, a escolha de uma canção com letra em inglês, vem desperdiçar um momento único de afirmação da nossa identidade e da nossa cultura, além-fronteiras.  
Fazer da língua a nossa Pátria é, cada vez mais, um desafio a vencer, neste Mundo cada vez mais uniforme e globalizante. O povo, na sua sabedoria milenar, também nos vai ensinando que “a galinha da vizinha é melhor do que a minha”, o que se aplica na perfeição à letra da música toda em inglês, que vai representar Portugal no ‘Festival Eurovisão 2021’.