Não há palavras que descrevam a aflição, o terror e a amargura de quem teve de enfrentar a violência das chamas dos incêndios
que destruíram uma vasta área de mato e floresta, na região da Serra da Estrela e não só. Sem dó nem piedade, o fogo avançou em várias frentes deixando um rasto de destruição e morte.
As povoações de Verdelhos, Sameiro, Linhares, Videmonte, Vale de Amoreira, Valhelhas, Famalicão da Serra, Fernão Joanes, Gonçalo, Seixo Amarelo, Vale Formoso, Orjais, Sarzedo, Aldeia Viçosa, Vila Cortês do Mondego, entre outras, viveram momentos desoladores.
Num abrir e fechar de olhos desapareceu o que demorou tantos anos a criar e a erguer, para muitos, o sonho de uma vida.
Na sua sabedoria ancestral, o povo ensina que “não adianta chorar pelo leite derramado”, ou seja não adianta reclamar do que já aconteceu mas, nesta situação, exige-se, no mínimo, que haja uma investigação séria e independente, ao que correu bem e ao que correu mal. Só desta forma será possível aprender com os erros.
Também é verdade que “depois da tempestade vem a bonança”, ou seja, devemos ter coragem para enfrentar as dificuldades com esperança. Depois desta grande tragédia, que atingiu um dos lugares naturais mais emblemáticos do nosso País, é preciso não baixar os braços e aproveitar todas as oportunidades para fazer mais e melhor. Caminhar juntos em busca se soluções mais justas e equilibradas deve ser a grande prioridade para toda esta região. Aquilo que aconteceu é bem a prova de que os extremismos avassaladores de algumas instituições e organismos podem e devem ser alterados. O Parque Natural da Serra da Estrela só faz sentido se for programado e reorganizado com as pessoas e para as pessoas que continuam a creditar nas suas terras e nas suas raízes.