O mundo anseia  por concórdia e harmonia, nestes tempos em que as armas se apontam como se fossem instrumentos de convivência pacífica e de harmonia procurada. Também na convivência religiosa se pretende um bom entendimento envolvido em mútua compreensão e perfeita estabilidade.


Na realidade, porém, os homens impelidos pelo desejo de comandar, pretendem a chefia, organizando a colectividade a seu jeito, para ditarem a sua vontade.
Mesmo nas organizações eclesiais, imperou, ao longo dos séculos, este critério para se  conseguir a harmonia sob os ditames de alguns crentes armados em chefes. Por isso, até se constituíram interpretações diversas do ensinamento de Jesus.
Desta forma, surgiram agrupamentos diferentes uns dos outros, contrariando o ensinamento basilar do seu Fundador que criou a Igreja indivisível e una com membros bondosos e humildes.
Hoje, com uma leitura mais estudada do Evangelho, vai-se reconhecendo a necessidade imperiosa de todos os cristãos conviverem na unidade autêntica.
Logo nos primeiros séculos, se firmou tal erro. As culpas, porém, eram sempre dos outros. Cada qual se considerava na verdade e na disciplina herdadas dos tempos antigos.
Nos finais do século XIX, surgiram, pelo mundo além, tentativas para refazer a unidade perdida, segundo a regra da doutrina evangélica. Um espírito novo soprou por certas mentes cristãs e, através de diálogos, conversações, correspondências, mensagens se foi difundindo e comunicando o anseio de uma reforma eclesial que assentasse em boa compreensão, firmando a unidade querida por Deus.
Foram sobretudo movimentos juvenis que deram o tom para este impulso e assim retornar ao querer ditado por Jesus. Podem-se enumerar várias reuniões, apontar preces quer em comum quer em particular, lembrar encontros, colóquios e convivências, nestes últimos tempos, em ordem a esta ânsia.
Entre estas acções, sobressai o Concílio Vaticano II, no qual puderam juntar-se e reconhecer-se melhor quase todas as famílias e comunidades intituladas cristãs.
A Constituição sobre a Igreja, ao rever as autênticas características de que a unidade verdadeira se tem de revestir, abriu caminho para mais pormenorizadamente se assinalarem e discernirem suas notas. vem o Decreto sobre o Ecumenismo, onde se lembraram as discrepantes vicissitudes que estiveram na base de tantas separações, e se apontaram maneiras de todos se entenderem segundo o Evangelho. Ainda se discutiu a sua aplicação e vivência no próprio ordenamento de cada comunidade separada.
Desta guisa, se notaram e esclareceram alguns mal-entendidos ou mesmo algumas praxes pouco avisadas. Assentes neste documento, organizaram-se planos sempre a clamar pela unidade.
Durante o Concílio, ainda, se aprovaram outras declarações, a subsidiarem e promoverem melhor compreensão de quanto está sugerido neste fundamental ensino sobre o ecumenismo. Lembremos o Decreto sobre as Igrejas Orientais, as Declarações sobre a Liberdade Religiosa  e Religiões não-cristãs e mesmo algumas instruções dispersas no admirável acervo da doutrina conciliar.
De então para cá, tão lúcida instrução não resolveu tudo, mas escancarou portas de entendimento para uma renovação recíproca, para o diálogo com o mundo moderno e a prática de se respeitarem as diferentes comunidades cristãs em ordem ao compromisso de um serviço missionário unido.
Assim se puderam ab-rogar as excomunhões mútuas romanas-constantinopolitanas, formular e promulgar o directório ecuménico, além de outras normas para quem trabalha no ministério pastoral e bases para a instituição do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e mais normas posteriores para o diálogo teológico.
O maior problema entre o Oriente e Ocidente é reconhecido, hoje, no ministério do bispo de Roma cujas formas de realização na fé e amor ainda não se definiram, embora tenha havido reuniões, congressos e semanas de estudo sempre a contribuir para um maior à-vontade no recíproco relacionamento.
Há temas a aprofundar para obter um autêntico consenso de fé: relações entre Escritura e Tradição, Eucaristia, Sacramento da Ordem, Magistério da Igreja, a Virgem Maria, Mãe de Deus, sobretudo nas relações com as comunidades saídas das reformas ocidentais.
Estão eliminados fortes mal-entendidos e superadas algumas questões do passado.
Claro que no diálogo com os reformadores ocidentais, as questões colocam-se de outro modo, pois existem mais problemas: interpretação da verdade revelada, a exigiram
diálogo respeitoso e paciência, explicações  sobre explicações até haver entendimento perfeito.
Para tanto, precisamos do auxílio divino implorado, em várias formas.
Foi em 1908, que Thomas Watson, um anglicano logo convertido ao catolicismo, iniciou a semana da oração pela unidade dos cristãos que se realiza de 18 de Janeiro até 25, com muita devoção e sucesso,
A oração é um meio magnífico para obter as graças de Deus.