A Semana de Oração pela Unidade da Igreja foi datada em 1908

porque, ao tempo, acolhia oito dias nos quais se comemoram festas dos apóstolos mais venerados. A 18 de Janeiro, festejava-se a Cadeira de São Pedro em Roma, lembrando a sua primazia na Igreja e, a 25 do mesmo mês, comemora-se, ainda hoje, a Conversão de São Paulo, no caminho de Damasco.
As liturgias na cidade eterna acentuavam a sua primazia, no amplexo da vida eclesial, e davam azo a rezar-se pela unidade dos crentes cristãos, há tantos séculos desavindos e desunidos.
Após o Concílio Vaticano II, onde se publicou o Decreto sobre o Ecumenismo, a 21 de Novembro de 1964, se tomou mais a peito a prece a suplicar a unidade da Igreja, conforme se lê logo na primeira linha: “Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do Sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II”.
Apoiados nas palavras de Jesus que pediu a Deus “para que todos sejam um, como tu, Pai, em mim e eu em ti; para que todos sejam um em nós a fim de que o mundo creia que tu me enviaste”, os Padres conciliares prosseguiram o seu intuito, explicando os princípios católicos do ecumenismo e fazendo notar os actos já realizados entre os crentes, pois mesmo os separados da Igreja Católica vivem também este problema, no seu íntimo e nas suas orações.
Devemos assim, apoiados no testemunho e desejo dos bispos, incentivar a cristandade a viver um espírito de reconciliação e de perfeito entendimento, uma vez que, em diversos campos, há discordâncias pouco relevantes, por vezes, mas tornam-se faltas de compreensão entre todos.
Torna-se, por isso, necessário ainda distinguir entre questões de diferentes importâncias e outras necessárias para a unidade completa. Atitudes e procedimentos que não fazem parte dos contextos da unidade mas são apenas tradições quer litúrgicas quer linguísticas, pois também nos irmãos separados age o Espírito com seus dons verdadeiros, atitudes que podem ser-nos úteis para um certo progresso espiritual e união que não é bem uniformidade.
Já no tempo do Concílio, e hoje muito mais, se realizavam acções em conjunto com diferentes ramificações da Igreja que se encaminhavam para um entendimento mais completo e perfeito. A paciência, a compreensão mútua e sincera e a graça do Céu pedida pela oração comum serão certamente um apoio para melhor entendimento e pacífico acordo.
Por isso, é que o Decreto que vamos tratando afirma: “É preciso conhecer a mente dos irmãos separados. Para isso, necessariamente, se requer um estudo a ser feito segundo a verdade e com ânimo benévolo”.
A Igreja Católica, pelo que testemunhou, de sua parte, no Decreto que vamos citando, afirma: “Longe de obstar à unidade da Igreja, uma certa diversidade de costumes e usos, aumenta-lhe a beleza e ajuda-a, não pouco, a cumprir a sua missão”. Daqui se conclui que pode haver disciplinas diferentes e até normas canónicas desiguais, sem quebrar a unidade verificada por esses factos.
Sabemos que a separação histórica tanto no Oriente como no Ocidente se deu por diferentes razões e em diversas épocas que é necessário, de novo, analisar. Mentes abertas e atenção serena tornam-se necessárias para se julgar cada caso e assim apressarmos a hora de Deus que deseja conduzir-nos à unidade perfeita.
Todas estas questões hão-de examinar-se com liberdade de espírito e sempre na docilidade à voz do Alto que tudo governa. A unidade cristã na fé e as regras morais hão-de caminhar juntas para se reconstruir a verdade ensinada e proclamada pelo Senhor Jesus guiado pelo Espírito da verdade.
Se o hemisfério norte adoptou a data usada entre nós, no hemisfério sul, por causa das férias dessa época, celebra-se o oitavário da unidade, geralmente junto das festas de Pentecostes, data simbólica para a unidade.
Em muitos países, publicam-se textos de Escritura, orações e comentários organizados por entendidos nesta matéria e aceites por diversas comissões de cada Igreja e comunidades cristãs.
Para este ano, o tema para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos será : “Reconciliação: é o amor de Cristo que nos impele”, colocando sempre a graça do Senhor como fundamento desta pacificação e concórdia vinda do amor e vontade de Deus.